sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Leva-me contigo

Estou tão cansada de ouvir tudo e todos, por entre silêncios e testas franzidas, que não vales a pena, que o nosso amor é demasiado pequeno para aguentar tamanha incerteza futura. Estou cansada de que os teus fantasmas nos impeçam de ser felizes, cansada de esperar que da tua boca muda saiam as palavras mágicas que irão provar a todos eles que mereces a oportunidade de ser feliz, que me mereces. Estou cansada de olhar à volta e ver-me a caminhar solitariamente e com um desespero desmedido em encontrar-me algures dentro de ti.
Será que os outros não vêem em ti o homem que eu vejo? O homem vergado pelas dores da adição mas que merece renascer, que merece uma nova oportunidade da vida para ser feliz? Porque é isso que eu vejo quando olho para ti!
Todos merecemos ser felizes, é para isso que, obrigatoriamente, andamos cá. Mas até que ponto tu queres essa felicidade, pergunto? Até onde estás disposto a caminhar para conquistar essa felicidade que é só tua e tão nossa ao mesmo tempo? Até onde vai a tua vontade de deixares cair a dor nas pedras da calçada da vida e mostrares-te ao mundo como um homem novo? Até onde merecemos pertencer-nos?
Esquecer-te seria a opção mais fácil, deixar-te para trás entregue à tua própria sorte e escolhas. Sim, eu disse bem, seria. Mas ainda aqui estou, à tua espera.
Consegues ouvir-me amor? Consegues olhar-me? Quem sou eu? Acaso consegues reconhecer-me por entre essa penumbra de entorpecimento?
Ainda estou aqui amor.
O meu colo espera-te cheio de calma e luz, o meu coração continua cheio de alimento que te poderá matar a sede de amor, os meus braços continuam cheios de força para te segurar e proteger, a minha alma continua aqui para completar a tua.
Por isso, vem buscar-me.
Leva-me para lá do arco-íris onde não existe tesouro maior do que a nossa felicidade; leva-me contigo para dentro do teu livro mais cor-de-rosa onde todos os teus dragões se tornam seres ridículos e onde príncipes e princesas não passam de coisas de criança; leva-me para a tua casa que tanto tornamos nossa; leva-me e deita-me na tua cama onde pertence o meu cheiro que beija o nosso sabor; leva-me contigo para um céu ou até mesmo para um inferno qualquer onde jamais larguemos as mãos.
Pega-nos ao colo e leva-nos que eu indicar-te-ei o caminho. Leva-nos até onde possamos parar e descansar, finalmente, no regaço da paz que tanto almejamos. Dá-me a tua mão e deixa-me conduzir-te até ao fundo do túnel onde possas ver que o sol nasce todos os dias: basta dizeres sim e eu estarei lá. Nada precisas dizer mais do que um "sim".
"Vai aonde te leva o coração", disse Susanna Tamaro. O meu ainda está aqui sentado na pedra à espera do teu.
Por favor, não demores.

ML

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