terça-feira, 3 de novembro de 2015

Ainda há

Há sempre o nós a pairar nos recantos dos meus sonhos e os "se's" no horizonte dos erros mútuos.
Os medos, esses infames que insistem em roubar-nos de nós, não são dignos de serem mumificados naquilo que fomos.
Uma história mal acabada é como um cigarro mal apagado; tudo o que ficou foi meio aceso.
Ainda há o nosso beijo ausente, os corpos vestidos demais para destilar tanta fome, a boca que é tua e nunca lhe pertenceu, o telefone à espera das nossas noites e da distância armada em rainha.
Ainda há as pazes mal feitas e as tréguas dispersas na cama onde me deito.
Ainda há o teu medo mesclado com o meu que atiça, minuto a minuto, o desgosto de não nos termos como se fosse a última vez.
Ainda há a jura do "nunca mais" que deixamos junto à fonte, onde o íman que nos une foi mais forte.
Ainda há a minha pele que sem a soma da tua se tornou mera divisão.
Ainda és tão tu. Ainda sou tão eu.
Faltamos nós.
Falta ainda reescrever o amo-te que sempre nos segurou todas as pontas.
Falta recomeçarmos.
Na tua vida ou na minha?



ML