tag:blogger.com,1999:blog-62136416375390041642024-02-20T21:26:23.839+00:00O que não te contei...Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.comBlogger46125tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-72801432364740933432016-06-07T00:55:00.001+01:002016-06-07T00:55:17.772+01:00Desculpa, desiludi-me.Quanto mais vivo mais aprendo que a vida é uma autêntica batalha naval em que cada um tem o seu navio. De um lado estás tu com os que amas e os que julgas que te amam, do outro lado estão os teus inimigos, os que apostam tudo, até a vida, para derrubarem o teu navio, e tudo é uma questão de ataque e defesa a ver quem ganha. <br />Ainda não sei bem o que é que se ganha, nunca entendi o prémio final. Acredito que para muita gente é bom ver os outros esparramados e desfeitos aos seus pés, dá-lhes a altivez e a certeza que são maiores, porque a bem da verdade dali não passam, não sobem mais, portanto, ver os outros mais pequenos dá-lhes a sensação do poder que nunca irão ter. <br />
Mas deixemos os inimigos para uma nova "insert coin". Foquemo-nos no lado de cá do tabuleiro, do lado onde tu estás, o lado onde aprendeste a construir o teu navio, onde aprendeste a nadar, onde aprendeste a inspirar e mergulhar sem saber como ou quando irias expirar e de novo respirar, onde existem outros navios que aprendeste a amar e outros que amas incondicionalmente sem saberes bem como e porquê, mas também aqueles de quem julgavas ter amor e não tens.<br />
Em dias de boa maresia, dias em que reina a paz no teu navio, onde não há bombardeios do outro lado, tudo pacífico, às vezes, de repente, deparaste que começaram a bombardear o navio do teu vizinho, alguém que amas muito ou nem por isso, e tu só tens duas opções: ou deixas o teu navio, mesmo que exposto ao perigo, e vais em socorro do navio vizinho, ou deixaste ficar para proteger o teu. <br />
Eu sou daquelas que sempre abandonou e negligenciou o seu navio em prol dos outros, mesmo quando via o meu navio a ser bombardeado, eu atirava uma bóia para não me afogar no caminho e lá ia eu rumo à salvação de quem estivesse a pedir socorro. Houve vezes em que regressei e o navio estava intacto, outras em que o vi meio massacrado mas ainda assim a flutuar, e outras até que o vi quase a afundar-se mesmo estando de coração cheio, afinal houve alguém que não ficou sem navio e isso bastava-me, dava-me a força necessária para reconstruir o meu navio e continuar com a convicção de que dias melhor viriam. O melhor da vida é que sempre que se regressa de uma viagem nunca se regressa da mesma maneira, no caminho de lá para cá vais aprendendo a ser mais e melhor.<br />
Mas há sempre um dia em que alguém, ou a vida, te acerta em cheio e o teu navio pega fogo e pedes socorro. Entretanto olhas para o navio mais perto do teu e vês que também ele está a pegar fogo, e às tantas quando olhas para o teu e para o dele já vês o teu quase todo consumido quando o outro ainda só tem umas labaredas que meia dúzia de baldes de água apagam. Continuas a pedir socorro mas ninguém vem, gritas, abanas os braços, mandas mensagens engarrafadas, e ninguém continua a vir.<br />
E é aí que percebes que não importa o navio dos outros, primeiro está o deles. Na verdade, o deles sempre esteve em primeiro. Nem todos podem ser altruístas como tu, é tudo uma questão de ser capaz de amar os outros incondicionalmente, e isso não se ensina, nasce connosco.<br />
Por isso, quando alguém não estiver lá para apaziguar o fogo do teu navio ou até mesmo extingui-lo e disseres "desiludiste-me", lembra-te, não são os outros que nos desiludem, somos nós a nós próprios, porque fomos nós que construímos a ideia e acreditámos de que nunca estaríamos sozinhos caso o nosso navio pegasse fogo, fomos nós que confiámos, que criámos expectativas. <br />
Os outros... os outros continuam nos seus navios, a protege-los como sabem, a viverem como querem, como podem. Por muito que te custe, não os culpes, há quem não consiga dar mais do que a sua ausência. Há quem lhes chame de egoístas, eu só lhes chamo marinheiros da vida onde salva-se quem puder.<br />
Ninguém tem culpa de colocares nos outros a expectativa de estarem lá quando já não te restar mais nada, nem uma bóia, tal como tu também não tens culpa das falhas dos outros. <br />
Acredita que é só mesmo isso, que tudo não passam de falhas, talvez assim te doa menos, talvez assim consigas ir em paz, construir outro navio, mais forte, mais digno de ti. <br />
E lembra-te, quando vires um navio à tua volta a pegar fogo, pega em todo o amor que tens e de que és feito e vai, só nunca te esqueças do teu, do navio e do coração. <br />
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<br />Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-53049504457809781432016-05-09T20:22:00.000+01:002016-05-09T20:22:57.105+01:00Tu nunca serás o suficienteTu nunca serás o suficiente para ninguém, eis a tua maior verdade.<br />
Tu não bastas para preencher as medidas de alguém, por muito amor que tenhas em ti, isso não chega para preencheres as brechas vazias dos outros porque há sempre uma necessidade inexplicável do outro lado, uma necessidade ilusória que tu nunca conseguirás satisfazer. <br />
Não importa o quanto tentes porque na linha da frente estarão sempre os teus defeitos, aquilo que fizeste ou fazes de mal, nunca nada se encaixará no politicamente correto.<br />
Se és demasiado independente isso é mau porque todos precisamos uns dos outros, e alguém demasiado independente é alguém prepotente, e se for mulher ainda é pior, é uma mundana que só se devia preocupar em procriar e cuidar de um marido.<br />
Se és demasiado magra tens toda uma uma equipa médica de faz de conta, desde a tua mãe ao periquito a julgarem-te com uma doença qualquer, mas se fores demasiado gorda vais ter todos os olhos virados para ti prontos a apedrejarem-te com a pior das armas, as palavras, afinal a culpa é tua porque comes demais e só és assim porque queres.<br />
Se és bem sucedido só podes ter passado por cima dos outros, afinal é o que 90% da humanidade faz, mas se fores um fracassado a culpa é tua porque não tentaste o suficiente.<br />
Se te casas e tens filhos é porque assim o quiseste, mas se as coisas correrem mal e saltares fora de uma relação que, aparentemente, só é tóxica e destrutiva para ti, a culpa é tua que não és compreensível o suficiente porque os homens são assim mesmo e tem de se ter paciência e aguentar tudo, afinal foste feita para isso mesmo, aguentar.<br />
Se cometeste erros no teu passado, mesmo que tenhas aprendido com eles, vais levar sempre com as consequências, como um traidor que não merece perdão. <br />
Se traíste a confiança de alguém, de um amigo ou de um namorado, mesmo que isso tenha sido numa altura em que estavas perdida e nem sabias bem o que é que andavas a fazer e as consequências que isso podia ter no futuro, mesmo que tenhas pedido desculpa e aprendido com o erro, serás sempre o alvo de quem se colocou no papel de tua vítima por opção própria. <br />
Se deixaste cair um prato, ou se não te apeteceu passar a pilha de roupa que está acumulada à semanas porque te sentes cansada e tens outras coisas em que pensar, como por exemplo em ti e nos teus filhos, além de queixinhas és uma malandrona que não lhe apetece mexer a peida.<br />
Se optaste por tirar da tua vida alguém que compreendeste que não iria acrescentar mais nada além de ausência, mesmo que essa pessoa tenha estado ao teu lado numa altura específica da tua vida em que estavas por um fio, é porque és uma ingrata, não mereces ter amigos e mereces que toda a gente te vire as costas.<br />
Tu nunca serás o suficiente, porque nada do que tu faças vai ser o suficiente para agradar a toda a gente. <br />
Acredita que muita gente te irá virar costas, muita gente te vai julgar em muitos momentos da tua vida, vai discordar e condenar as tuas escolhas, muita gente não vai notar as tuas mudanças, o quanto cresceste, e vai-te tratar tal e qual como se fosses imutável, como se soubesse exatamente o que esperar de ti. <br />
Para essa gente, tu nunca serás o suficiente. <br />
Mas queres saber um segredo? Eu conheço alguém a quem vais conseguir agradar constantemente, que te vai respeitar por aquilo que és, que te vai ouvir quando mais precisares, que nunca te irá virar costas e te deixar sozinha, conheço alguém que terá sempre a cola perfeita para quando alguém te desfizer em pedaços, alguém com quem poderás sempre contar, que vai vibrar com as tuas conquistas, que te vai ensinar como lidar com as derrotas, que vai estar lá sempre para te ajudar a crescer e que vai perceber cada passinho que deres rumo à tua felicidade, alguém com quem vais poder conversar a qualquer hora do dia ou da noite, com quem vais poder gritar sem ser julgada, alguém que muitas vezes não dirá mais nada a não ser aquilo que muitas vezes precisas, um abraço e silêncio, alguém que terá um coração suficientemente grande para te perdoar pelos erros que possas cometer ao longo do caminho, alguém altamente altruísta que dará a vida por ti se preciso for, alguém para quem serás sempre o suficiente para a fazer ficar do teu lado: tu própria. <br />
Por isso, lembra-te, tu nunca serás o suficiente para ninguém, mas serás sempre o suficiente para seres livre e feliz.<br />
Não te esqueças disto.<br />
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ML<br />
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<br />Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-75343411924350407662016-01-23T03:58:00.002+00:002016-01-23T03:58:43.103+00:00Conversas de divã- Hoje estás muito sossegada, não é costume.<br />
- Estou a pensar.<br />
- Em quê?<br />
- Não sei o que dizer.<br />
- É quando tens mais para dizer. <br />
- Não percebo.<br />
- Não percebes o quê, o que acabei de dizer?<br />
- Não. Não percebo o que se passa, o que é isto.<br />
(silêncio)<br />
- É tão forte que me deixa assolapada e assustada. <br />
- Depois do que já viveste, acho que existe muito pouca coisa que te assuste.<br />
- Sim, mas há coisas que vão para além do meu entendimento.<br />
- Não tens que entender tudo.<br />
- Mas preciso de controlá-las. <br />
- E achas que consegues?<br />
- Tento.<br />
- O que é que tens que tentar?<br />
- Controlar o que sinto.<br />
(silêncio)<br />
- Estás triste?<br />
- Não. Desiludida.<br />
- Porquê?<br />
- Porque eu achava que era especial.<br />
- E depois?<br />
- Depois existe a outra.<br />
- Existe sempre uma outra.<br />
- Mas não faz sentido!<br />
- Para ele faz, e basta.<br />
- Não percebo.<br />
- O quê?<br />
- O que é que ela tem de tão cativante para o segurar por todos os poros.<br />
- Não tens de perceber.<br />
- Como assim?<br />
- Tu podes tentar controlar o que tu sentes, não o que os outros sentem.<br />
- É porque ele sente.<br />
- Mas isso já era óbvio, não?<br />
- Não.<br />
- Porquê?<br />
- Porque as pessoas mudam e eu pensei que ele tivesse aprendido.<br />
- Tu mudaste porque quiseste muito, mas nem toda a gente quer. É preciso abdicar de muita coisa.<br />
- Mas neste caso não há nada para abdicar, tudo o que ela lhe pode oferecer são pedaços de nada.<br />
- Há quem se contente com pouco.<br />
(silêncio)<br />
- Pensava que eramos únicos.<br />
- Pensaste mal.<br />
- Que é que eu faço a isto?<br />
- Deitas fora.<br />
- Como assim? Não se pode simplesmente pegar no que se sente e mandar fora como lixo.<br />
- Mas porque é que vais valorizar isso?<br />
- Porque é o que eu sinto.<br />
- Ele não valorizou, deixou-te sair pela porta principal, ainda te fez vénia. <br />
- Eu não tinha escolha.<br />
- Tinhas. Podias ficar e fingir que tudo o que ele faz, faz sentido e que nada te magoa, que é natural expor-te à outra, que não faz mal ele dizer que te quer mas pensar e desejar a outra. <br />
- Pensava que era única.<br />
- Aprendeste?<br />
- Sem dúvida. <br />
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E depois acordei. Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-46225021264776070962015-12-29T20:19:00.001+00:002015-12-29T20:19:47.668+00:00Votos para 20162015 foi um ano de muita mudança, começou mal mas, graças à minha fibra rija, acabou bem. Por mim, o ano poderia acabar já hoje, agora, que o meu balanço seria o mesmo; "<em>consegui</em>!". 2015 foi o ano mais importante da minha vida, onde me reconheci no espelho da vida, com verdade, onde comecei o ano a dizer "<em>como é que vou sobreviver a isto</em>?" e acabei a dizer "<em>amo-me muito</em>". <br />
2015 trouxe-me, além de muito amor próprio, coragem para tirar cá para fora tudo o que me doeu por tempo demais e arrumar essa dor numa gaveta apropriada, sem vergonha ou medo de olhar para ela. Tudo o que arde cura, já dizia o meu avô. Mas tudo o que dói também, e digo-o eu.<br />
Por norma, não costumo fazer planos para o novo ano, simplesmente tenho sonhos e são eles que me guiam. <br />
Mas em 2016 existem algumas coisas que quero fazer. <br />
Quero acordar todos os dias pronta para as batalhas e deitar-me com a sensação de que me dei a mim mesma o melhor, porque se dermos a nós mesmos o melhor, conseguimos dar aos outros também.<br />
Quero rodear-me de pessoas que saibam o que querem, que saibam para onde querem ir, e mesmo que não saibam, que não tenham medo de ir à mesma. <br />
Quero pôr os sorrisos e as conversas com as pessoas a quem muito fiz esperar, porque ainda não estava preparada para me dar ao mundo e aos outros com verdade.<br />
Quero fazer as honras do meu coração e conduzir até à porta de saída as pessoas que só estão por estar e não almejam mais do que isso, porque eu não quero afetos em part time.<br />
Quero passar mais tempo comigo, neste amor que descobri este ano, ir ao cinema, ver pôr de sóis, tomar um copo numa qualquer esplanada, namorar-me. <br />
Quero brindar à vida, quero partilha-la com aqueles que queiram ficar com vontade, e ser feliz durante 365 dias. Porque um dia, quando tudo acabar, é só isto mesmo que levaremos connosco: o bem que vivermos.<br />
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A todos um Bom Ano 2016!<br />
Um brinde a mim!<br />
Um brinde à vida!<br />
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Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-4259721498999000182015-12-23T00:09:00.002+00:002015-12-23T00:12:47.866+00:00Um Natal incompletoNunca te disse mas, o meu natal sem ti não é uma festa completa. O meu natal é sempre com metade do coração aqui e a outra metade aí. Há quem diga "o tempo passa, a saudade fica e a falta torna-se subtil". Eu digo que, quanto mais o tempo passa, mais a saudade e as memórias se acentuam sem subtileza.<br />
Tu sabes que não gosto de expor a minha saudade, não gosto de falar das poucas memórias que a minha meninice conseguiu guardar. Prefiro ouvi-las da boca de quem te viveu, até ao teu último suspiro. <br />
Hoje voltei a ouvir as tuas memórias, a tua saudade cantada pela boca da minha mãe, outra mulher da tua vida que te amava mais do que ao próprio pai, essas memórias menos boas, aquelas de dias antes de partires, inclusive o dia em que me deixaste aqui à espera. <br />
Cresci a ouvir "ele já vem, foi só ao café". Até hoje espero que voltes desse café para poder voltar para esse colo que era tão meu, tão nosso. <br />
Eu sei que é sempre quando Deus quer, mas pergunto-lhe muitas vezes se não podia ter-te querido mais tarde, se não podia ter esperado até eu me fartar de ser feliz contigo aqui. A única resposta que ele me dá é mais saudade.<br />
Aprendi que o Natal é para ser vivido com quem amamos, para aproveitarmos enquanto os corações ainda se podem tocar. Só não me ensinaram como é que se vive o natal com o coração pela metade. Ainda não sei ser feliz sem ti; vou sendo. <br />
Na ceia de natal o teu lugar está lá, o melhor lugar à lareira também ainda está reservado para ti, a melhor taça de vinho ainda espera o teu brinde, e o teu presente... o teu melhor presente era estares aqui comigo.<br />
Poderíamos passar a noite inteira a pôr os anos em dia, a desabafar sobre as dores que foram ficando e poderias ensinar-me como se ama além das mágoas. Poderíamos jogar os jogos que nos faltaram jogar, rir das coisas que nunca pudemos rir. Poderíamos ver as fotografias sobre as memórias que o tempo foi guardando, poderias conhecer os netos que nunca viste. Poderíamos dar os abraços que nunca pudemos dar. Poderia adormecer no embalo do teu colo que me faltou a vida inteira.<br />
Poderia tanta coisa, mas só posso recordar-te, como todos os anos da minha vida. Poderia viver esta época do ano com tristeza no coração, cravado pela saudade. Mas tu mereces mais; mereces a minha felicidade.<br />
O meu natal será sempre um natal incompleto sem ti aqui, mas também será sempre repleto de alegria porque as memórias, apesar de nos magoarem, também são bem capazes de manter a esperança acesa de que um dia voltaremos a encontrar-nos, e aí poderemos celebrar o amor numa eternidade sem fim. <br />
Porque será sempre o amor que nos manterá unidos.<br />
Feliz Natal, avô.<br />
<br />Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-79969988884497828602015-12-16T01:52:00.000+00:002015-12-16T01:52:26.974+00:00Nada se esquece, tudo nos transforma.Faz hoje 1 ano que morri para voltar a nascer. Faz hoje 1 ano que segurei nas mãos a minha vida em pedaços.<br />
Se há momento em que duvidei que sobrevivesse, esse momento foi há 1 ano atrás. Olhando bem pra lá, hoje tenho plena consciência que é preciso uma grande vontade de viver para seguir em frente, mesmo que de cabeça baixa. E eu tive-a, porque se não era impossível estar aqui a escrever para ti. Não escrevo para ti por achar que sou melhor do que tu, escrevo sim para teres a certeza absoluta de que sobreviver depende do quanto queres viver.<br />
Não foi fácil, não tem sido fácil. Há dias em que se vive melhor, há dias em que sair da cama parece um ato banal. Mas cada dia é um desafio, e vale a pena enfrentar todos, um por um, por mim. <br />
De lá para cá mudou muita coisa. Comecei a conhecer-me; comecei a olhar-me atentamente ao espelho; comecei a tecer os meus limites e a perceber o que para mim faz sentido e tudo aquilo que, para além de não fazer sentido, só me faz mal; comecei a aprender a dizer "não", mesmo que isso implique que poucos fiquem; também comecei a aprender a pensar sobre o "sim" e a medir consequências; comecei a respeitar-me e a pôr o dedo no nariz a quem nada de mim sabe, logo, não tem o direito de abrir a boca, sequer, para opinar; comecei a controlar os meus instintos de "dar o troco"; comecei a crescer. <br />
De lá para cá também se acentuaram as reticências em dar o meu amor ao outro; comecei a pensar sobre o quanto vale a pena arriscar uma vida inteira por um momento, e até agora concluí que o risco não compensa a dor que pode, eventualmente, ficar. Porque há dores incuráveis, há riscos desnecessários, há estragos irreparáveis.<br />
Costuma-se dizer que há males que vêm por bem, eu digo que há males que nos fazem bem. Para que servem as mágoas e as dores se não servirem para crescermos? Nada se esquece, tudo nos transforma.<br />
Ainda assim, continuo a pensar que o rasto de destruição que ficou nas ruas da minha vida, era desnecessário. Mas há filhos da puta assim, e este é o preço que se paga por ter dado crédito a um. <br />
No início sobrevive-se, é uma contagem dos minutos, das horas, dos dias, das semanas, sempre à espera que a dor diminua um bocadinho mais. Mas nem todas as dores encolhem com o esticar do tempo, porque há dores que se tornam mais conscientes e vívidas à medida que o tempo as molda. <br />
Ficaram muitas perguntas sem resposta, muitas dúvidas quanto ao futuro; mas ficou também a grande certeza de que mereço tudo de bom do que a vida contém. <br />
Eu acredito que o karma é infalível e que a vida é um castelo de cartas: basta um único sopro para tudo ruir, porque nem sempre os ventos sopram a favor, às vezes a rota muda. Quando os ventos sopram contra é preciso ter uma coisa que os filhos da puta e os cobardes não têm: coragem. Portanto, ver-te a ruir é uma questão de tempo, porque não há ninguém melhor para nos vingar do que a vida. E não digo isto por te desejar mal, simplesmente "what goes around comes back around". <br />
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<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/NIaiXmm1H0o/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/NIaiXmm1H0o?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
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<br />Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-8615268306384360032015-12-07T19:57:00.000+00:002015-12-07T20:01:14.142+00:00Às mulheres da minha vidaHoje o diálogo é sobre, e para, as mulheres da minha vida. Não tenho muitas, é verdade, mas também é importante falar delas, e para elas. <br />
Hoje fechei os olhos, abri o coração e meti-as todas alinhadas à minha frente. <br />
Hoje, finalmente, percebi que entre mim e elas existem, entre muitas coisas, diferenças abismais na forma como cada uma se vê como mulher, como pessoa, na visão que cada uma tem acerca da sua vida e a projeção que cada uma faz de si no mundo. <br />
Hoje, percebi que entre mim e elas, existe um degrau enorme. A fila não é longa, mas é o suficiente para ver que entre elas existe um padrão demasiado pesado, um padrão de onde tento escapar mais um bocadinho a cada dia que passa; um padrão em que todas elas se esqueceram de si no tempo.<br />
Ao olhar para cada rosto, eu consigo ver os rasgões que as tempestades da vida lhes deixou, consigo cheirar a dor que lhes vai na alma, os olhos...ah, os olhos... há muito que deixaram de ser espelho de coisa alguma, de tão apagados que estão. <br />
Desde a minha mãe, passando pelas minhas tias até chegar às minhas primas, com todas elas eu aprendo os maus exemplos que tento combater, todos os dias da minha vida. Quem disse que os maus exemplos não têm um lado bom é porque nunca amou, porque só com muito amor se pega no que é mau e se transforma em algo bom para a vida inteira. E estas mulheres mostram-me muito.<br />
Muitas delas deixaram-se consumir pelo tempo, esqueceram-se de quem queriam ser quando fossem grandes, deixaram a criança delas fugir. <br />
Algumas das mulheres da minha vida amaram demais, até não lhes sobrar mais nada, inclusive a própria vida. Outras desistiram de construir a felicidade, outras até lhes roubaram os sonhos. <br />
Durante muito tempo eu aceitei o karma que me esperava, também eu assumi que a felicidade era uma utopia, que os sonhos são para ser guardados nas gavetas e que o amor deve ser deixado ir com o vento. Mas acho que a minha teimosia rebelou-se, porque há medida que o tempo vai passando eu sinto que o tempo não se instala; ele faz-me mover para a frente; faz-me explorar trilhas que sempre descartei por serem demasiado incertas; mostra-me que os sonhos e a felicidade andam de mãos dadas e que uma e outra coisa dependem, exclusivamente, de mim, faz-me acreditar que amar não significa negligenciar-me, que mais importante do que os outros, sou eu própria. <br />
Hoje, quero dizer às mulheres da minha vida que com elas aprendo a construir-me melhor, mas também quero lhes dizer que enquanto há vida há esperança, e que o facto de se terem perdido algures no tempo, não quer dizer que não haja um caminho de volta a elas mesmas.<br />
Não deixes que te digam o que fazer ou ser, não deixes que o amor que tens pelo outro se torne uma dependência capaz de te indefinir.<br />
Não permitas que os outros esperem alguma coisa de ti, porque o caminho só a ti pertence.<br />
Não aceites as migalhas, porque mereces o prato inteiro. <br />
Não cales o que sentes ou o que pensas por medo, porque um pássaro sem voz é como uma primavera sem vida.<br />
Não desistas de ti, mesmo que tenhas que deixar ir meio mundo e outro tanto, porque, na vida, a única garantia que tens é a ti mesma. <br />
Lembra-te, sobretudo, que a vida é para viver. <br />
Hoje, é a vocês, mulheres da minha vida, que agradeço as melhores lições da mulher que não quero ser. <br />
Amanhã, espero que sejam vocês a aprenderem a ser a mulher que nunca deviam ter deixado de ser.<br />
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ML<br />
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<br />Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-16555344629016800302015-11-03T12:42:00.001+00:002015-11-03T12:42:16.385+00:00Ainda háHá sempre o nós a pairar nos recantos dos meus sonhos e os "se's" no horizonte dos erros mútuos. <br />
Os medos, esses infames que insistem em roubar-nos de nós, não são dignos de serem mumificados naquilo que fomos.<br />
Uma história mal acabada é como um cigarro mal apagado; tudo o que ficou foi meio aceso.<br />
Ainda há o nosso beijo ausente, os corpos vestidos demais para destilar tanta fome, a boca que é tua e nunca lhe pertenceu, o telefone à espera das nossas noites e da distância armada em rainha.<br />
Ainda há as pazes mal feitas e as tréguas dispersas na cama onde me deito.<br />
Ainda há o teu medo mesclado com o meu que atiça, minuto a minuto, o desgosto de não nos termos como se fosse a última vez.<br />
Ainda há a jura do "nunca mais" que deixamos junto à fonte, onde o íman que nos une foi mais forte.<br />
Ainda há a minha pele que sem a soma da tua se tornou mera divisão. <br />
Ainda és tão tu. Ainda sou tão eu.<br />
Faltamos nós.<br />
Falta ainda reescrever o amo-te que sempre nos segurou todas as pontas.<br />
Falta recomeçarmos.<br />
Na tua vida ou na minha?<br />
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MLMárcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-12207745438018659932015-10-30T03:46:00.001+00:002015-10-30T03:54:29.472+00:00O perdãoO perdão é uma coisa complexa que todos têm a capacidade de dar, mas poucos o sentem. O perdão não é algo inato, algo que se adquire com os genes; é um processo, muitas vezes lento. <br />
O perdão não se encontra em qualquer rua ou esquina, quanto muito encontra-se numa rua sem saída. É sempre nas ruas sem saída que damos de cara com aquilo de que andamos a fugir quase uma vida inteira. <br />
Foi numa dessas ruas da minha vida, sem saída, onde encontrei o perdão e o olhei de frente. Quando encontras o perdão de frente só tens duas hipóteses: ou recuas e entras numa viela qualquer, deixando-o para trás, correndo o risco da mágoa assombrar-te o resto da vida, ou te sentas para conversarem até chegarem ao consenso da paz. Acredita em mim que já optei pelas duas, a segunda opção é sempre a melhor.<br />
Conversar com o perdão não é fácil. A linguagem que ele usa é demasiado complexa para entender, por vezes é confundida com outros dialetos como a raiva ou a vingança, mas a sua essência é só uma: desapego. <br />
Que melhor linguagem poderia definir o perdão que não o desapego? Para perdoar é preciso sentar, olhar para dentro e conter a projeção do veneno que um dia nos deram a beber de olhos abertos. <br />
Quem de vós pensar que só é possível apegarem-se às coisas boas que os outros vos dão, desengane-se. A ausência de perdão vem do apego que nós temos pelo mal que os outros nos fizeram. <br />
A facilidade com que nos apegamos à mágoa é a mesma com que nos apegamos ao amor. Irónico não é? Toda a vida nos ensinaram a sermos bons com os outros, a pedir desculpa quando erramos, a assumirmos os nossos erros. Mas esqueceram-se de nos ensinar a perdoar.<br />
Durante muito tempo eu vi o perdão como uma utopia, algo que vem escrito nos livros e que é pregado na maioria das religiões, e o que sempre me revoltou foram as definições evasivas que fui encontrando porque, na verdade, nenhuma delas tinha a receita para perdoar quem me foi magoando ao longo da vida. Basicamente, cresci com a certeza que perdoar era para os que foram talhados para serem totós, até ao dia em que a mágoa que me causaram tornou-se tão insuportável, tão destrutiva, tão asfixiante, que me obrigou a buscar o perdão. <br />
E onde é que se o encontra? No recanto do coração que escapou da escuridão. Por muito negro que um coração se torne, há sempre um recanto inviolável onde existe uma janela por onde entra uma luz tamanha, capaz de iluminar um planeta inteiro; um recanto chamado vida. <br />
Por muito miserável que te sintas, a verdade é que existe vida em ti, se não estavas morto. E sempre se ouviu dizer "enquanto há vida, há esperança". Portanto, são nas lições da vida que encontras o perdão. <br />
Como eu disse acima, o perdão é um processo de desapego de tudo aquilo que de mal te fizeram. E foi no meu processo que eu entendi o que era o perdão. <br />
O perdão não significa que esqueças o que te fizeram, não significa que te deites hoje e que amanhã vais acordar com um sorriso no rosto e ter esquecido o que aconteceu. O perdão não significa que tenhas que estar com quem te fez mal, não significa que os culpados saiam impunes porque para esses a justiça está reservada, mais tarde ou mais cedo. <br />
O perdão passa por aceitares o que aconteceu, guardares as lições que tiveres que guardar e aprenderes a viver com isso. <br />
O perdão é a chave para abrires a porta do recanto inviolável do teu coração, abrires a janela e deixares a luz definir a tua paz. <br />
Eu ainda estou a caminho. Já abri a porta e estou, neste momento, a passar por todas as salas escuras que me deixaram; com medo sim, mas com a certeza de que voltar para trás não é opção e a convicção de que quando me banhar na luz que eu sei que vive aqui dentro será como voltar a casa, o lugar onde mereço viver em paz.<br />
No meu vocabulário de hoje, o perdão define-se como um contrato de aceitação estabelecido entre quem fica e quem vai; e eis aqui o segredo para um mundo mais feliz.<br />
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MLMárcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-8155475969696665582015-10-08T20:39:00.000+01:002015-10-08T20:54:15.660+01:00Carta aos manipuladosTu que estás aí desse lado, com um grito preso no teu silêncio; tu que estás aí e que sentes que pior do que ter morrido é ir morrendo; hoje, as palavras que aqui escrevo são para ti.<br />
Tu não me conheces, eu não sei quem tu és, mas ambas somos filhas da mesma dor, a da manipulação.<br />
Provavelmente irás fechar esta janela por falta de coragem de ler até ao fim, ou talvez eu consiga fazer por ti o que ninguém conseguiu fazer por mim. Mas antes que decidas fechar a janela e seguir em frente, deixa-me dizer-te que eu sei o que estás a sentir porque eu já aí estive, e que a maior lição que reti até hoje é que fechar os olhos àquilo que nos dói tem um prazo de validade.<br />
Se decidires ler isto até ao fim, recosta-te e respira fundo porque vai doer mais um pouco, mas talvez seja a última vez que doa..<br />
Deves estar a perguntar-te "<i>o que lhe aconteceu a ela</i>?". Talvez um dia eu te conte os pormenores, mas o que precisas de saber apenas é que eu já fui severamente manipulada e que o que interessa aqui não é o que ele me fez, mas sim como me senti e como saí dessa história. <br />
Agora deves estar a questionar-te "<i>mas é possível sair disto</i>?", é, claro que é. Mas é preciso que queiras muito e que aceites deixar cair no chão os cacos que seguras, desesperadamente, nas mãos e que todos os dias te rasgam a alma. Sair dessa história é a mesma coisa do que uma criança aprender a andar; é preciso cair para aprender a levantar, por isso não te preocupes porque vais-te levantar.<br />
"<i>E vai demorar muito para isso</i>?", sim vai. Os dias, os meses, e talvez até anos, vão passar e a dor vai continuar a estar bem presente na tua memória para que nunca te esqueças daquilo que te fizeram; pensa positivo, é como uma cicatriz que fica para nos lembrar que ainda estamos vivas e que se aquilo não nos matou é porque, com certeza, ficamos mais fortes. <br />
"<i>De que me vale isso, se tudo o que eu quero é esquecer</i>?", perguntas tu. E eu digo-te que és parva e que a merda que ele te faz todos os dias ainda não foi o suficiente ainda para aprenderes. Se tu esquecesses, não irias enrijecer o teu amor próprio e mais à frente outro bimbo iria voltar a fazer-te o mesmo.<br />
Eu sei que estás farta de aturar isso, sei que a tua vontade de viver, a pouco e pouco, vai sucumbindo mas que mesmo assim arrastaste até ao fim do mundo para vos salvar aos dois, afinal sempre acreditaste que o amor salva tudo. <br />
Também sei que a urgência de resgatar os tempos áureos em que tudo eram rosas e borboletas a voar te fez colocar em stand by tudo aquilo que fazia parte da tua vida e que sempre foi importante; puseste-te em stand by, basicamente. <br />
"<i>Mas se isso o trouxer de volta, terá valido a pena.</i>", tens a certeza? Achas mesmo que ele voltando para ti e voltando a ser tudo como os bons tempos, as mossas desaparecem? Depois de um acidente brutal, um carro, mesmo depois de reparado, nunca mais volta a ser o mesmo, vai sempre dando problemas. Não, não te estou a comparar a um carro mas sim a dar-te exemplos para que, no auge da tua fragilidade, percebas o que te quero dizer.<br />
A manipulação é uma teia que vai sendo tecida pelo manipulador à volta da vítima. É uma teia subtil que começa sempre pela maior fragilidade da vitima, sem que esta se sinta mal ou invadida. Por norma, o manipulador consola sempre a maior fragilidade da vítima para que ela comece a confiar nele, até ficar cega e presa. <br />
Foi isso que aconteceu comigo. É isso que está a acontecer contigo.<br />
Não sei há quanto tempo vives nessa teia mas acredita que 10 minutos apenas já é tempo demais.<br />
Eu sei que acreditas que o que ele faz não é por mal, mas também sei que já estás a chegar ao teu limite e ele, ao perceber isso, promete-te que vai ficar tudo bem, que vai repensar a vida dele toda para vocês poderem ficar juntos, que precisa de algum tempo para pensar, tudo para que aguentes mais um bocadinho. As promessas dele vão-te dando alguma esperança, vão alimentando os teus dias de espera porque acreditas que ele também está a sofrer por te ver sofrer. <br />
A verdade é muito mais dura do que aquilo em que acreditas, e eu sei que, no fundo, tu também o sabes.<br />
Em primeiro lugar, entende que ele não sofre por te ver sofrer, porque se o magoasse ver-te assim, simplesmente ele não contribuiria para isso. O amor consola, não magoa.<br />
Entende que quando olhas nos olhos dele a verdade que vês sobre o que sentes é a tua não a dele, e o amor que lhe tens é tão imenso que te faz acreditar nas promessas vazias que ele te faz. Tudo não passa de um jogo onde ele suga tudo aquilo que tens e és, por ele próprio não aguentar aquilo que nunca conseguirá ser ou ter, e até que lhe faças xeque-mate, continuarás a ser o alimento do ego dele.<br />
Desculpa dizer-te isto assim, sem filtros, mas tudo se resume ao ego dele em que tu és quem o alimenta. Experimenta deixa-lo abandonado à sua sorte por um dia, e vais ver que ele vai cair no chão, vai-te procurar como um louco e queixar-se como uma criancinha rejeitada.<br />
Talvez tu não saibas, mas o manipulador é o ser mais inseguro à face da terra com uma necessidade brutal de controlar tudo e todos, o manipulador não suporta a sua realidade interna e por isso fantasia e cria uma realidade à parte onde ele subjuga as fragilidades dos outros. Isola o manipulador das pessoas e verás unicamente um ser aninhado em si mesmo, todo acagaçado. O manipulador não suporta a solidão, a rotina, o incerto.<br />
Ao olhar para ele, tu podes ver que todo ele transpira confiança mas, acredita em mim, é tudo cenário. Por trás daquilo só existem fantasmas.<br />
A escolha de te livrares dessa toxicidade ou continuares a acreditar em promessas vazias, é tua. Eu sei que as coisas não são simples e que até para rebentar uma corda é preciso que ela se desgaste. Mas já não estás desgastada o suficiente? Não achas que já chega de te olhares ao espelho e sentires-te miserável? Já não basta as vezes em que ele te faz sentir culpada pelas discussões que têm, ou até mesmo se tiver um dia mau? Pensa nisso.<br />
Lembra-te, se decidires quebrar com essa toxicidade, quebra de uma vez. Não deixes nada por dizer nem pontas soltas. <br />
É óbvio que não vai ser fácil; ele vai tentar dar-te a volta e acrescentar mais promessas às que não cumpriu. Prepara-te para as coisas horríveis que ele vai ser capaz de te dizer e para as desculpas sórdidas que te vai pedir, logo a seguir, como se fosse um bipolar. Ele vai vitimizar-se ao máximo, chegando ao ponto de se humilhar a ele próprio e quando vir que esse fingimento de nada lhe serve vai jogar a última cartada; culpabilizar-te pelo facto de seres tu a desistir de vocês e de as coisas não terem resultado porque ele está ali disponível para ti, com vontade de enfrentar este mundo e o outro por ti, quando tu nunca lhe pediste mais do que respeito e amor.<br />
"<i>E o que acontece quando eu lhe virar as costas</i>?", perguntas-me. Primeiro, não olhes para trás. Depois cais ao chão e transformas-te em estilhaços espalhados pelas ruas da amargura. A melhor coisa será deixares-te estar até que o choque desça em ti, com toda a intensidade que o momento merece, depois é dares-te tempo para que a raiva, a culpa, a incredulidade, o ódio e a sede de vingança venham ao de cima. <br />
O meu conselho é que te agarres a alguém capaz de te amar o suficiente para ficar ao teu lado e ser o teu escudo onde irás projetar todos esses sentimentos negativos em relação a ele e a ti mesma, alguém que te chame à razão e que te relembre, a toda a hora, que mereces muito mais do que perder tempo em vingares-te de um pobre diabo que, a seu tempo, irá cair sozinho. Acredita que foi o ter esse "alguém" que me salvou de cair no abismo, quando eu ganhei a minha coragem de o mandar embora. <br />
Mas mais importante do que o expulsares da tua vida, é aceitares. Aceitares que te perdeste algures no caminho, aceitares que tiveste a tua quota parte de culpa ao desrespeitares-te e permitires que alguém te fizesse o que ele te faz; aceitares que nunca mais serás a mesma e que confiar nos outros será, para sempre, uma utopia. Aceita e segue, mas nunca te rendas! Projeta o amor que tens aí dentro naquilo que realmente importa: tu. Acredita que é possível sobreviver a essa catástrofe que é a manipulação, ou então eu não estaria aqui sentada a escrever-te. Simplesmente terás dias melhores que outros; terás dias em que vais acordar furiosa contigo, terás dias em que te arrependes de não te teres vingado dele, haverão dias em que a cicatriz dói mais, mas tudo se ameniza porque também haverão dias em que vais acordar pronta para viver e seres feliz.<br />
O Universo tem carência de ti, portanto dá o teu melhor enquanto existires, porque um dia ele devolver-te-á em dobro. <br />
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<br />Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-47819899197271182092015-07-24T03:24:00.000+01:002015-07-24T03:24:57.617+01:00Amar demaisAmar demais não é motivo de orgulho, não é um ato altruísta, não é um ato heróico. Amar demais é um suicídio lento, morre-se e é-se assassinado aos poucos, pelas suas próprias mãos e pelas do outro.<br />
Amar demais implica que alguém (se) ame de menos; numa guerra a dois há sempre um que perde. E a perda pode ser catastrófica; perder-se para nunca mais ser-se o mesmo.<br />
Eu já amei demais.<br />
Na altura eu achei que a pessoa merecia, achei que o meu excesso de amor podia compensar a falta do amor dele, que o meu altruismo podia provar-lhe que eu merecia mais do que restos do seu amor próprio em excesso, achei que se lhe mostrasse o meu cansaço por tanto o amar bem que eu passaria de "mulher a dias" a "mulher a tempo inteiro". Mas nada valeu, nada foi o suficiente. Na verdade, nada é suficiente para quem não é o suficiente na vida.<br />
Em nome do amor vendi-me de corpo e alma a um corpo vazio dela, e o troco que recebi foi um coração em pedaços jogados nas ruas da amargura e isso, nem 1000 anos chegam para os recuperar.<br />
Um vaso, quando se parte, nunca mais volta a ter a mesma forma por muito que boa cola una todos os pedaços. Ficam sempre frestas à vista, falta de lascas, de cor e brilho. Assim é um coração partido; um vaso que ao partir-se fica frágil para sempre.<br />
Mas além do coração há o problema da alma porque essa, nem com cola lá vai. A alma é um livro onde escrevemos aquilo que somos e os outros acrescentam virgulas e pontos finais como parte do enredo. E num livro, por muito que se rasguem páginas e se recomece a escrever, a marca do que foi escrito fica sempre por baixo do que se reescreve. Portanto, nada se apaga, apesar de tudo se transformar.<br />
E a transformação para quem ama demais começa no despertar. É o despertar mais doloroso, sem dúvida, mas é aí mesmo que começa; na dor. Porque a dor faz bem à saúde, faz crescer. Quando nos dói é sinal que ainda estamos vivos, não importa se em pedaços, se quase a morrer, não importa. Estamos vivos. E a vida é sempre digna de recomeços.<br />
Aquilo que aprendi com o ter amado demais foi que, por muito que nos dilacerem e amassem a alma como se fosse um pedaço de papel, ninguém a consegue roubar. Podem-nos levar o que de melhor somos, podem sugar-nos até caírmos rendidos no chão e não termos coragem sequer de levantarmos a cabeça, podemos ficar com um coração estilhaçado na palma das mãos, podemos sentir-nos desalmados como se já não nos reconhecessemos ao espelho, mas a alma, essa, é nossa até que a morte do corpo a separe.<br />
Amar demais também me ensinou a perceber o porquê de me amar de menos e a dar o passo para fazer as pazes comigo mesma, ensinou-me a perdoar a vergonha que ele me deixou por me ter desrespeitado a mim própria tantas e tantas vezes, ensinou-me que o melhor antídoto para o amor a mais é olhar o outro de frente e nunca de baixo para cima.<br />
Para ti que amas demais, espero que entendas que a culpa não é dele/a por te sentires insuficiente, a culpa é tua por permitires que ele/a ainda aí esteja a alimentar-se com o que de melhor és e tens porque acredita, se não tivesses nada de bom ele/a já não estava aí, já teria procurado alimento para o seu ego pequenino noutras bandas. Ele/a faz-te sentir miserável e de que não precisa de ti, como se tivesse um ego do tamanho do mundo mas acredita em mim, se o deixares ir irás ver que o ego dele cabe na palma da tua mão e que se o amassares e mandares ao chão vais vê-lo de joelhos a implorar-te até pela própria vida. Deixa-o/a ir e verás como tenho razão, e não te preocupes com o trolóló do "eu mato-me se não ficares comigo", eu também ouvi essa e 1 mês depois ele já tinha um pescoço novo para sugar (coitada...).<br />
Lembra-te, amar demais é como dar de beber ao deserto. Espero que não morras à sede, como quase eu morri.<br />
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<br />Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-1791110431373473332015-06-13T16:05:00.000+01:002015-06-13T16:12:38.803+01:00Apetece-me falar disto: #a escola, os pais e as novas férias<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tenho para mim que portugal ou já ensandeceu ou está por um fio de ensandecer. E porquê? Bom, o porquê está <a href="http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=4620941" target="_blank">aqui</a> e vem na sequência da aprovação de uma recomendação, por parte do conselho de escolas, de que os alunos devem ter uma pausa a meio do primeiro período, recomendação essa que o Sr. Jorge Ascensão (presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais) criticou. E não só criticou como ainda aproveitou a onda para sugerir algo absurdo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E então, o que é que o Sr. Jorge disse? Primeiro criticou as "pausas avulso" que as escolas praticam, segundo ele, e ainda teve a lata de dizer (sim, porque um pai para dizer uma coisa destas além de estupidez crónica tem que ter tomates) que "as aulas deveriam começar no início de setembro e terminar <b>apenas </b>no final de julho", sendo que os alunos só teriam direito a um mês de férias.<b> </b></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ora, antigamente, ainda no meu tempo de menina e moça, fazia-se uma paragem de 1 semana por altura dos finados. Bons tempos! Eram tempos de ir para casa dos avós (porque os pais tinham que trabalhar), de muita algazarra com sabor a liberdade por não estarmos sempre sob a alçada dos pais e podermos desfrutar dos mimos que estragam qualquer um, mas que sabe tão bem. Agora, 2 dias de pausa no primeiro período? O que é isso? Nada. Mas o drama parental já começou!</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O que mais se ouve nos media, aquando do início das férias, é "<i>ai jasuuuuus onde é que vou enfiar os putos para poder ir trabalhaaaaar</i>?" como se fosse o mundo acabar ali. Acredito que para alguns pais que não têm os avós das crianças por perto seja, de facto, complicado pensar nas férias com a tranquilidade que elas merecem mas afinal, férias são férias porra! E não são só os adultos que ficam felizes com elas, as crianças também. Mas daí a sugerir que as crianças só devem ter um mês de férias?! Aí já estamos a bater em vários patamares, um deles é a desumanidade. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O Sr. Jorge diz que tem receio que as escolas comecem a ter mais pausas do que aulas. Oh Sr, por acaso sabe fazer contas? Parece-me que não, mas eu dou uma ajudinha. As crianças, por norma, têm aulas num período das 9h às 17.30h durante 5 dias por semana, o que equivale a 42h 30 min, sem contar com os raros feriados que se metem pelo meio, porque os feriados estão para o ser humano como os burros para o mundo: em vias de extinção. Ou seja, uma criança de 6 anos passa mais 2h 30min na escola, por semana, do que um adulto em horário laboral estipulado por lei. Contas feitas, e já contando com as pausas existentes no período escolar, uma criança passa 9 meses em aulas. Oh Sr. Jorge, 9 meses não chegam para cumprir os programas estabelecidos pelo ministério da educação?! Olhe que 9 meses dá para muita coisa! Até para gerar um filho, que é a coisinha mais complexa que existe à face da vida humana. Agora, se os programas não são cumpridos, há que reformular sim a educação, mas comecemos pelos professores e não pela parte mais fraca, os alunos. Um professor é muito mais do que um "despeja matéria", um professor é um guia, é um tutor, é como uma locomotiva de um comboio; se ele descarrila vai tudo atrás. Mas um professor não tem (nem deve!) a obrigação de representar um papel que não lhe cabe: o de ser pai. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Portanto, dizer que as crianças devem ter mais aulas é o mesmo que estar a delegar a responsabilidade de 20 ou 30 cabeças a uma só. Não dá, é desumano, é estúpido. Um professor quando se licencia não é para servir de babysitter, é para instruir e delegar outra coisa, sem ser afetos e cuidados: saber. Os afetos é responsabilidade dos pais, ou pelo menos deveria ser. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Outra coisa que o Sr. Jorge disse e, desculpe-me a ousadia, mas não pude deixar de me rir "bué", foi que os alunos "<i>podem estar na escola sem atividade letiva, sem estar a estudar o programa curricular. Os miúdos precisam de respirar a escola sem ser dentro das paredes de sala de aula. Tem de haver um envolvimento com a biblioteca e com os espaços exteriores</i>". Oh Sr., o Sr. decida-se! Atão primeiro diz que as criancinhas precisam de mais aulas para se cumprirem os programas curriculares, depois já diz que elas têm que "respirar" a escola (como se ela fosse alguma flor) e tem que haver um maior envolvimento com os espaços e o diabo a sete. Desculpe-me a franqueza, mas creio que o Sr. anda à procura de depósitos fáceis para os pais despejarem os filhos quando não lhes dá jeito ficarem com eles, e não de melhorar qualquer coisinha na educação escolar deles. Se é para isso, o Sr. tem que fazer outra proposta; o de não se ter mais filhos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O Sr. tem razão quando diz que é preciso haver um maior envolvimento dos alunos, mas não é com a escola, é com a família. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Basta pegar nos estudos (comprovados! não é de faz de conta) que por lá e por cá se fazem e, facilmente, poderá verificar que o sucesso escolar também está relacionado com a qualidade de afetos e cuidados despendidos pela família. Porque um aluno com mais horas de escola não é, com certeza, um aluno mais inteligente e feliz.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ora, se um aluno passa mais tempo na escola do que com a família, alguma coisa está mal. O Sr. acaso gostaria de que o obrigassem a ter só 2 semanas (em vez de 1 mês) de férias e lhe alargassem o período de trabalho? Mesmo que o seu chefe justificasse tal decisão como "ter que respirar e se envolver com o seu espaço de trabalho"? Não faz sentido, certo? Acredito que há dias em que chega a hora de almoço e o Sr. só pensa em ir para casa por estar farto de ali estar, de aturar quem não lhe apetece e, sobretudo, farto de estar fechado no mesmo sítio horas a fio. Porque é que acha que com as crianças, em relação à escola, é diferente do que se passa com os adultos? </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os filhos, na minha prespetiva de mãe, não foram feitos só para se dizer que os temos ou para satisfazer as convenções sociais do namorar-casar-procriar. Os filhos são um pedaço de nós, são uma extensão do melhor que temos e somos, ou pelo menos deveria ser assim. Os filhos são como flores que devemos cuidar bem para que um dia se tornem árvores bem enraizadas e frondosas. E isto, caro Sr. Jorge, não são palavras bonitas que uso para o convencer. É a realidade! Os seus filhos, os meus e os dos outros pais, serão os adultos de amanhã. Se ensinarmos os filhos a serem máquinas de produção de qualquer coisa, temo que no futuro teremos uma sociedade de humanos robotizados desprovidos de qualquer sentimento e que só servem para fazer dinheiro e alimentar o ego dos grandes. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não foi para isso que eu trouxe filhos ao mundo Sr. Jorge! Eu não quero ver os meus filhos tristes, frustrados, como se carregassem o peso de uma sociedade mecanizada onde o período de "trabalho" é muito maior do que o período de viver e ser feliz. Eu gosto de ter férias, adoro. E acredito que o Sr. também goste. E sei que o meu filho e os seus também, mesmo que eles ainda tenham uma ideia muito rudimentar do que são férias e para que servem. Mas... não é esperado que eles saibam tudo de uma vez, não é esperado que eles entendam coisas fora do tempo. Não se pode esperar que uma criança de 6, 7 ou 8 anos valorize as férias como um adulto de 20, 30 ou 40 anos. Mas ainda assim, mesmo que eles não entendem o valor delas, merecem-nas. Tal como o Sr. que trabalha a maior parte do ano e quando vai de férias também sente que as merece. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os filhos não são máquinas de acumular e produzir conhecimento, não é isso que irá torna-los mais competentes e felizes na adultícia.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Agora, aquilo que os pais transmitem e dão aos seus filhos, isso sim irá contribuir tanto para o desenvolvimento das suas competências como para a sua felicidade. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A escola é um lugar para aprender, sim, mas muito mais do que ler, escrever e fazer contas. A escola deveria ser também um lugar para expressar como ser feliz, como se ama. E isso é uma lição que deverá ser aprendida em casa, com os pais. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ora, se as crianças já passam cada vez mais tempo distanciadas da família e com menos tempo de brincadeira, com menos 1 mês de férias chegamos ao culminar de lhes roubar o direito de serem crianças para lhes incutir o serem adultos em ponto pequeno. Porque, caso o Sr. não saiba, também se aprende e se cresce a brincar. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Cada vez se fala mais em hiperatividade, cada vez mais se medica crianças de ânimo leve devido a distúrbios mentais, cada vez mais vemos crianças frustradas e deprimidas. Isto não lhe diz nada? Talvez seja só até ao dia em que um dos seus filhos entrar pela porta de casa e o mandar à merda e dizer que está farto de si, dos outros e do mundo, e depois você o acusar com a frase célebre de "<i>não foi assim que te eduquei</i>", quando na verdade até foi, quando na verdade foi você que o motivou a encher o saco com carência, com incompreensão, com estudo a mais e amor a menos. Depois leva-o a um psicólogo ou a um psiquiatra à procura da solução para o problema, e nenhum deles tem a coragem de lhe dizer "<i>a culpa é sua</i>" porque o capitalismo está pela hora da morte, e tal como o Sr. se quer aproveitar da escola para se livrar da responsabilidade parental desculpando-se com "<i>tenho que ganhar a vida</i>", também os profissionais de saúde têm que ganhar a deles, nem que seja à custa da desgraça dos outros. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Portanto, desejo, sinceramente que as entidades superiores a si não lhe dêem ouvidos. Para bem dos seus filhos, dos meus e de tantos outros pais que se recusam a ter crianças mal amadas e escravas da escola. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Para si, só tenho mais uma coisa a dizer: tenha juízo.</span><br />
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<br />Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-13918284764835438072015-06-10T16:40:00.001+01:002015-06-10T16:40:57.586+01:00Apetece-me falar disto: #obesidadeEste post vem na sequência de uma "polémica", mais ou menos acesa, entre mim e umas pessoas que estão, neste momento, em processo de perda de peso. A polémica veio acerca do que uma certa personagem disse <a href="http://www.hipertrofia.org/blog/2015/06/09/porque-obesos-precisam-passar-vergonha-para-mudar/" target="_blank">aqui</a> e à qual eu reagi.<br />
A minha indignação começou logo pelo facto da concordância com o "artigo" por parte dessas mesmas pessoas, mas no fundo essa concordância não parece, de todo, surreal, mas já lá vamos.<br />
Começando pelo "artigo"; só o título do discurso assusta, e essa foi a minha "parte 2" de indignação. Se não vejamos, <span data-reactid=".48.1:4:1:$comment982453981776376_982517981769976:0.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.0"><span data-reactid=".48.1:4:1:$comment982453981776376_982517981769976:0.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.0.$end:0:$text0:0">primeiro a personagem defende que uma pessoa gorda não deve ser gozada por isso mas depois a seguir intercala o discurso a dizer que o obeso tem que ter</span></span><span data-reactid=".48.1:4:1:$comment982453981776376_982517981769976:0.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3"><span data-reactid=".48.1:4:1:$comment982453981776376_982517981769976:0.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3.0"><span data-reactid=".48.1:4:1:$comment982453981776376_982517981769976:0.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3.0.$end:0:$text0:0"> vergonha pra mudar (?). Oi? Já não basta aquela que é incutida pelos olhares da sociedade, cheia de estereótipos macabros acerca dos padrões de beleza, como se o gordo tivesse uma espécie de lepra? Já não chega o sofrimento de quem é obeso e passa pelo processo (às vezes desesperante) de emagrecimento, muitas vezes sem apoio algum? Já não chega a vergonha de si mesmo que o obeso vai acumulando, juntamente com os quilos a mais? </span></span></span>E a vergonha, é muito mais do que ouvir "<i>ólhame práquela gorda!</i>". A vergonha de quilos a mais, quase sempre, vem agregada a outro tipo de vergonha: a de ser quem é.<br />
<span data-reactid=".48.1:4:1:$comment982453981776376_982517981769976:0.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3"><span data-reactid=".48.1:4:1:$comment982453981776376_982517981769976:0.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3.0"><span data-reactid=".48.1:4:1:$comment982453981776376_982517981769976:0.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3.0.$end:0:$text0:0">Portanto, para mim, alguém que diz (e outros que defendem) que "é preciso passar vergonha para mudar" é uma variante de um xenófobo. Eu cheguei a ler uma opinião justificativa para o discurso do artigo como algo do género "<i>e</i></span></span></span><i>le diz que não se deve humilhar nem gozar uma pessoa gorda, mas que no fundo se deve fazer liberta-la dos mecanismos de defesa que usa e incentiva-la a mudar</i>".<br />
Clap clap clap, palminhas pra ela porque, o que poderá ser melhor do que um incentivo para alguém gordo qu'safarta, de quem não se conhece a história, do que estimular-lhe a vergonha? Só se for tortura-la à moda da inquisição porque, assim de repente, não me ocorre outro melhor incentivo.<br />
Ah, mas a história de vida do gordo conta para o peso? Não, conta a história do peso, é diferente.<br />
Mas, continuando, e seguindo a sequência da polémica, também li algo do género "<i>o problema é que se extremaram posições: de um lado os fat haters, gente que sente nojo até de um pneusinho, e gente que vai para o pólo oposto, o do love your curves, quando muitas vezes não são curvas porra nenhuma, são mesmo 40 ou 50 kg a mais</i>". Bom, curvas são sempre curvas até porque nunca vi um gordo liso! Eu pelo menos estou (é diferente do ser) gorda e só vejo curvas, não há nenhuma espécie de achatamento em mim. Agora se são curvas apreciáveis ou desapreciáveis, depende dos gostos de cada um.<br />
Mas o grande problema neste comentário, e que reflete bem a realidade do obeso, não é a de "amar"40 ou 50 kg a mais, aqui o grande problema (senão o central) é não SE amar com 40 ou 50 kg a mais. Será que se o gordo, numa tentativa de deixar de se "odiar"e carregar a vergonha ao peito, perder esses 40 ou 50 kg a mais, vai passar a amar-se mais? Se calhar se ele se amasse talvez nem gordo fosse...<br />
Vamos lá ver se nos entendemos, um gordo não é gordo porque quer! Há toda uma história de vida por trás, todo um sofrimento profundo que, na maior parte das vezes, não se vê e o acumular de quilos é só uma consequência disso. Raras excepções, ninguém engorda até à obesidade mórbida porque quer ou porque se acha sexy no meio de banhas e celulite. Há motivos, há razões fortes que o justificam. Agora, o gordo deve esconder-se atrás dessas justificações, atrás da sua história sofrida para continuar a afogar-se em comida? Não, obviamente. Mas a perda de peso é um processo doloroso e moroso. Tal como ninguém engorda do dia para a noite, também ninguém emagrece.<br />
Mas não posso deixar de falar dos "fat haters". Esses coitados que não sabem que pela boca morre o peixe. Em tempos, no auge dos meus 12/13 anos, na escola havia sempre meia dúzia de anormais que me chamavam gorda e balofa e coisas do género. Até que um dia... (mais recentemente, diga-se) descobri que uma dessas personagens engordou de tal forma que hoje é também um obeso na luta contra o excesso de peso. Ou seja, morreu pela boca, porque agora também ele sabe o que é sofrer com o excesso de peso. Sentir na pele é outro nível.<br />
Portanto, queridos/as fat haters que me possam estar a ler desse lado: pensai bem antes de abrir a boquinha, porque um dia, fatalmente, ela faz-te "game over" e depois ou "insert'as" coin ou então vais ser gozada como hoje o fazes.<br />
Mas voltando ao "artigo", outra parte interessante foi a parte da propaganda da gordura nas redes sociais. Se esta besta usasse os neurónios, nem que fosse só um bocadinho, iria perceber que o objetivo dessa propaganda não é incentivar as pessoas à obesidade e aos problemas de saúde que dela advém. O objetivo é fazer com que as pessoas se aceitem, seja qual for a condição em que estejam, é incentiva-las a amarem-se tal como são porque a mudança é aí mesmo que começa: cultivar o amor próprio. Não são menos 40 ou 50 kg que vão fazer com que o obeso se ame mais, que se respeite, que se dignifique, que se ache alguém com valor e liberdade para viver. Sim, porque é isso que a vergonha faz; impede-nos de viver; não vou à praia porque tenho vergonha das minhas banhas e da minha celulite, não vou sair à noite com os meus amigos para não ferir as vistinhas de alguém, não vou comer uma fatia de bolo de anos porque as pessoas vão olhar pra mim como alguém asqueroso, não vou maquilhar-me porque só as gajas boas é que têm esse privilégio, não vou vestir-me de forma sexy porque gorda qué gorda tem que vestir sacos de batatinhas (vivásburcas!), não vou usar biquíni porque isso é uma afronta às gajas bouas comómilho. E depois, quando se perde o excesso de peso? Não vou à praia porque estou flácida e tenho estrias, não uso camisolas mais justas porque o pneu não desapareceu, não vou comer um bolo porque depois sonho com as formigas a comerem-me à noite. Vergonha gera vergonha e nunca se sai daí.<br />
Em suma, gorda qué gorda tem que ir para o corredor da vergonha cumprir pena e só depois de emagrecer é que tem direito à liberdade.<br />
É surreal que se defenda a vergonha pelo excesso de peso. E mais surreal ainda é ver gordas a defenderem esse prisma! Mas, tal como disse acima, não me surpreende que assim seja. Afinal, muitas delas parecem iô-iôs, ora engordam ora emagrecem e depois criam ruas de amargura e atiram-se para o meio delas. Afinal, não são só os gordos que arranjam (ou precisam) de justificativas para não mudarem e continuarem a acumular quilos e a sofrerem de sorriso no rosto até (alguns) saírem pela porta do suicídio.<br />
Afinal também os gordos que estão no processo de emagrecimento se agarram à vergonha que trazem como justificativa para mudarem, mesmo que isso implique viver anos e anos a jogar ao iô-iô com palas nos olhos e mais nada coubesse no seu conceito de felicidade senão a magreza.<br />
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Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-78484991368797788082015-03-21T00:11:00.000+00:002015-03-21T00:11:09.458+00:00Quem não tiver telhados de vidro...Todos os dias deparo-me no facebook com frases pré-feitas sobre o julgamento que as pessoas fazem umas das outras, "dicas", indiretas das vítimas desses julgamentos para os algozes que os fazem. São frases que dão que pensar mas só por uns segundos porque logo a seguir aparece uma foto ou um "estado" de alguém que nos faz pensar "<i>tssss olhem-me para isto, não tem vergonha</i>" ou então "<i>deve pensar que é boa/bom</i>" ou então "<i>txeee foi para a rambóia assim vestida/o?</i>". E por muito que isto nos custe a engolir, é verdade, acontece. Já me aconteceu a mim, já aconteceu a ti, já aconteceu ao teu vizinho, acontece a toda a gente. Não vale a pena fazer-mo-nos de indignados e fingirmos que somos uns fofinhos e salvadores da honra dos outros porque muitas das vezes nem da nossa sabemos cuidar quanto mais da dos outros! A verdade é esta e não há outra: todos fazemos juízos de valor.<br />
E porque é que isto acontece? Simples; porque nascemos já com essa tendência e crescemos com ela. A menos que alguém seja filho de algum aspirante a budista que esteja sempre zen com tudo e todos, mas até esses são seres humanos, portanto, consciente ou inconscientemente também fazem juízos de valor.<br />
Vivermos em sociedade faz com que sejamos assim, estamos sempre a procurar a aprovação dos outros devido à necessidade de lhe pertencermos e por muito que tentemos emancipar-nos disso, não dá.<br />
Isto não implica que não sejamos nós próprios, verdadeiros, nada disso, mas julgar os outros está tão intrínseco que é quase tão normal como respirarmos.<br />
A boa notícia é que a passividade com que fazemos juízos de valor pode ser atenuada se nos esforçarmos para tal. Não é virarmos santos, não é nada disso! O atenuar a forma como julgamos os outros é um trabalho tal e qual como ir à escola, só que neste caso a escola é a vida e os professores são os outros. É na maneira como nós sabemos que olhamos para as atitudes e comportamentos dos outros que vamos buscar as ferramentas necessárias para trabalhar isso, é usar os outros como um espelho nosso porque, se pensarmos bem, todos nós somos o reflexo uns dos outros. O ditado é antigo e é bem certo "<i>nas costas dos outros vemos as nossas</i>" e a verdade é esta, é na convivência com eles que nos conhecemos porque ao fim ao cabo somos "todos diferentes mas todos iguais".<br />
Por exemplo, aquelas amigas que se juntam para ir à missa, que comungam e que até costumam confessarem-se e que assim que saem da igreja uma diz para a outra "<i>já viste a fulana tal? agora anda toda bem vestida, tem um marido em casa e filhos e eu soube pela ti Maria que o neto a costuma ver em bares e em bailaricos das terrinhas. Cá para mim anda a pôr os palitos ao pobre coitado e ele sem saber, é mesmo desenvergonhada!</i>", quem é que já não ouviu este tipo de coisas ou já não foi vítima deste tipo de julgamento? A pergunta é, o marido é delas? E porque é que a mulher não pode sair para se divertir? Acaso a maneira de ver o casamento tem que ser igual à forma como elas o vêem? O facto de sair é sinal de que vai desrespeitar a família? E o andar bem vestida sai dos bolsos delas? Acaso a mulher lhes pede alguma coisa ou que lhes pague as dívidas ao final do mês? São elas que trabalham para meter comida na mesa em casa? Não, obviamente.<br />
E se fosse ao contrário? Se fossem elas as vítimas desses julgamentos? Acaso iriam sentir-se bem?<br />
Eu sei que a tentação é grande, sai-nos muitas vezes sem darmos por ela mas o importante é termos consciência de quando estamos a julgar o outro, parar para pensar e fazermos algo que é-nos tão difícil ainda: colocar-mo-nos no lugar dele, pensarmos de quando somos nós a estar naquela situação ou se algum dia estivéssemos nela se gostaríamos que os outros fizessem o mesmo tipo de julgamento acerca da nossa pessoa.<br />
Quem não tiver telhados de vidro que atire a primeira pedra: isto serve para mim, para ti e para todos. E lembra-te, hoje és tu o juíz amanhã serás o julgado.<br />
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<br />Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-41126312235159634582015-03-07T23:58:00.000+00:002015-03-07T23:58:20.381+00:00Sim, odeio-o, e depois?Nos dias que correm, o ser humano ainda se vê amarrado pelas emoções que o podem denegrir pudicamente perante a sociedade, ainda vive amarrado na vergonha de assumir as emoções negativas que possa sentir;em suma, continua refém de sim mesmo. <div>
O ódio, esse sentimento supremo da escuridão, esse sentimento rejeitado na boca de muitos mas habitável em muitos corações, é uma das muitas emoções negativas que a sociedade rejeita mas alimenta, dia após dia. A maior parte dos comuns mortais já sentiu ou sente ódio de alguém ou de alguma coisa, quanto mais não seja de si próprio. E eu não sou excepção. </div>
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Até há pouco tempo eu desconhecia esse sentimento tão poderoso e o que ele era capaz de fazer com a mente e com o coração. Mas como muitas coisas na vida, é preciso viver e experienciar para conhecermos não só o poder dessas mesmas coisas mas também nos testarmos enquanto seres humanos dotados de emoções à flor da pele. E digo "<i>à flor da pele</i>" porque até o ser mais controlado tem um saco que enche e explode.</div>
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Mas há uma coisa que muita gente não sabe e que eu só descobri depois de ter sentido, pela primeira vez, ódio no coração: é imprescindível aceitarmos que ele está lá. O ódio é como uma doença; tem a sua fase inicial em que surge no coração de mansinho, sem avisar, vai sendo alimentado inconscientemente até saturar todas as células da mente e da alma, passando pela fase da manifestação com as suas crises de negação e, quiçá, se não for tratada, ser capaz de conspurcar o que resta de nós até nos levar à loucura. Daqui até à morte é uma questão de nada.</div>
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Em psicologia, aprendi que a aceitação é um passo fundamental e central para qualquer mudança, seja ela de que teor for. Se é fácil? Não, não é. Às vezes vive-se anos e anos enclausurado numa panóplia de sentimentos destrutivos, vive-se constantemente num conflito interno por se querer aceitar uma determinada coisa e as emoções deturparem a mente de tal maneira que nos impede de avançar para o passo da aceitação. É uma luta intensa e constante, sem dúvida. E eu conheço tão bem essa luta interna...</div>
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É uma luta que desgasta, que me faz olhar no espelho e não me reconhecer; o que era outrora doce, meigo, dado, tornou-se amargo, frio, revoltado. É uma luta que me faz ter medo do "e <i>se eu não vencer?</i>". É uma luta ingrata entre o querer e não poder. É uma luta diária e, sobretudo, consciente. </div>
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Mas para chegar até à parte da "luta" é preciso entrar no processo primário de aceitação daquilo que se sente. </div>
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Como é que se trata uma doença sem se aceitar que ela vive em simbiose connosco? Impossível. Podem-se ingerir todos os medicamentos, os melhores do mercado, mas dificilmente a doença se cura porque toda a doença tem o seu gérmen na alma. Portanto, cura do corpo sem a cura do espírito é uma brincadeira de médicos, somente. </div>
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É verdade, eu odeio-o. E depois? Vou dizer ao mundo que não? Para quê? Dos outros eu posso fugir mas de mim nunca. Eu poderia fingir perante os outros que tenho um coração puro, que ódio aqui não entra, que sou muito melhor que isso, que isso é para gente reles e pequenina de mente e blá blá blá whiskas saquetas. Mas aquilo que os outros possam pensar de mim pode atenuar ou melhorar aquilo que de mais podre eu sinto? Não. Porque não é o mundo que me carrega, sou eu mesma. E sou eu que apodreço dia após dia, não os outros.</div>
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O mundo só serve para nos dar aquilo que precisamos para crescer e aprender a sermos melhores do que éramos. O resto sai-nos do couro. </div>
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A escolha foi minha. A escolha é sempre de cada um. Aceitar o que se sente com verdade e depois partir para o tratamento, ou então fingir que nada se sente e pintar a imagem de pureza interior numa tela que sempre será um mundo estático e que nunca será nosso porque o nosso, felizmente, roda. </div>
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Eu sei que o odeio e sei que isso me magoa mais a mim do que a ele, porque o que ele me fez não pode ser alterado ou desfeito. Perdoa-lo depende de mim. </div>
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O perdão é uma luta que só o corajoso trava com a sua sombra, e demore o tempo que demorar o vencedor será sempre ele. Mas mais do que isso, não quero odiar para um dia ser odiada. </div>
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O nosso mundo roda, não é estático. Tudo o que damos a vida devolve-nos em dobro e desta máxima só foge quem é tolo.</div>
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Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-86987156327434040122015-01-10T00:35:00.003+00:002015-01-10T00:35:35.254+00:00Urgência!Sinto uma urgência de colo, de ser engolida pela mãe terra e ficar no seu ventre, regredindo por todos os estágios que percorri desde a concepção até hoje, sinto necessidade de voltar a sentir-me raiz mas desta vez não de uma mulher, e sim de mim mesma.<br />
Sinto uma urgência de ficar alojada numa parede qualquer da vida e ser alimentada durante 9 momentos, e depois, ser parida pela mãe terra e dar um novo grito à luz da vida.<br />
Sinto uma urgência de ser embalada com ausência de canções, de ficar simplesmente aninhada nuns braços quaisquer e sentir-me pequenina sem ser cobrada por isso.<br />
Sinto urgência de ficar calada no meio de gritos ensurdecedores que me corroem a alma, de fininho e sem ninguém ver.<br />
Sinto urgência de morrer e renascer, sem passar pelo pó. Porque ainda tenho tanto para desbravar.<br />
Sinto que tenho o mundo para explorar, e visto daqui debaixo tudo me parece tão grande e imenso, tão intenso e assustador.<br />
Sinto urgência de esquecer que eu existo e que até mesmo tu algum dia exististe na minha vida. Sim, falemos em passado porque já estás do lado de fora da porta com ela fechada e trancada a 8 chaves (contando com a suplente).<br />
Eu tenho urgência em culpar-te por toda a dor que sinto e pela pessoa amarga que vejo, de dia para dia, agigantar-se em mim. Mas depois lembro-me que a estupidez foi minha em ignorar os sinais do óbvio e lembro-me também da maior sequela que carrego no ventre.<br />
Poderia fazer o que sempre fiz com outras dores passadas: fingir que não dói, ignorar a ferida aberta e seguir caminho mesmo que isso implicasse repetir os mesmos erros e voltar a passar por tudo outra vez. Desta vez, a proporção é maior. A dor é gigante demais para caber debaixo de um tapete. Tudo está tão negro, tão dorido, tão enraivecido em mim que faltam-me as palavras para expressar algo que eu sempre soube fazer na perfeição: a dor.<br />
Neste momento, e pela primeira vez na vida, estou a obrigar-me a senti-la como todas as dores devem ser sentidas. Só assim, finalmente, começarei a aprender com os meus erros.<br />
Culpar-te é tão pouco comparado com aquilo que a vida te vai oferecer de volta, por isso de nada me adianta, em nada me ameniza.<br />
Como a minha melhor amiga diz, e tão sabiamente, "sentir é o que te esta a deitar abaixo, mas é também o que te está a fazer viva a cada dia". E por muito negro que o horizonte se aviste, esta é uma verdade irrefutável que deve ser lembrada todos os dias da minha vida.<br />
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<br />Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-91668366675282797442014-12-13T22:07:00.000+00:002014-12-13T22:07:51.666+00:00Onde andas espírito do Natal?Não sei o que se passa este ano. Não me sinto próxima do natal. Eu, que faço a árvore sempre no dia 1 de novembro por desde miúda achar que a casa enfeitada durava tão pouco tempo, este ano só a fiz no inicio de dezembro.<br />
Até mesmo os presentes de natal ficaram pelo caminho. Nesta altura do ano já tinha tudo planeado e já tinha começado a prepara-los. Há uns 6 anos para cá tenho sido eu a fazer os presentes para oferecer, cabazes de natal com coisas doces e deliciosas. Unicamente o que compro são os brinquedos para os mais pequenos. Este ano, além de não ter planeado nada, ainda só comprei um presente para o meu filho. Shame on me...<br />
Ainda não sei se farei alguma coisa para oferecer a alguém, visto que as minhas frequências na faculdade começam daqui a 3 semanas e ainda tenho tanto estudo atrasado. Mas esta semana logo me decido, consoante o tempo que tiver disponível.<br />
Não sei o que se passa, eu que adoro ouvir músicas de natal e embevecer-me com elas por adorar esta época festiva, este ano estou numa deprimência que só visto! Ao ouvir músicas de natal relembro a euforia dos outros natais, sinto saudades de casa, do frio da minha cidade, da lareira nas tardes de sábado e domingo, de devorar livros e não me preocupar com mais nada, tenho saudades do silêncio e da paz daquela que foi a minha casa tantos anos. Engraçado, que enquanto lá estive (e não valorizei) achava aquilo tão deprimente e secante que hoje sentir saudades é algo quase irónico.<br />
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A única coisa que já fiz, tal como no ano passado, foi bolachinhas decoradas para oferecer aos meninos do IPO de Lisboa. Mas sobre isto falarei depois, quando sentir necessidade.<br />
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Talvez o espírito do natal se tenha atrasado, que nestas coisas nunca se sabe!<br />
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Quanto aos presentes que pedi este ano ao Pai Natal: fiz um único pedido e o mais sério dos meus 26 anos de existência. Vamos ver se me portei bem este ano para o receber.<br />
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<br />Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-32918289181935763112014-11-14T01:22:00.000+00:002014-11-14T01:22:29.531+00:00Leva-me contigoEstou tão cansada de ouvir tudo e todos, por entre silêncios e testas franzidas, que não vales a pena, que o nosso amor é demasiado pequeno para aguentar tamanha incerteza futura. Estou cansada de que os teus fantasmas nos impeçam de ser felizes, cansada de esperar que da tua boca muda saiam as palavras mágicas que irão provar a todos eles que mereces a oportunidade de ser feliz, que me mereces. Estou cansada de olhar à volta e ver-me a caminhar solitariamente e com um desespero desmedido em encontrar-me algures dentro de ti.<br />
Será que os outros não vêem em ti o homem que eu vejo? O homem vergado pelas dores da adição mas que merece renascer, que merece uma nova oportunidade da vida para ser feliz? Porque é isso que eu vejo quando olho para ti!<br />
Todos merecemos ser felizes, é para isso que, obrigatoriamente, andamos cá. Mas até que ponto tu queres essa felicidade, pergunto? Até onde estás disposto a caminhar para conquistar essa felicidade que é só tua e tão nossa ao mesmo tempo? Até onde vai a tua vontade de deixares cair a dor nas pedras da calçada da vida e mostrares-te ao mundo como um homem novo? Até onde merecemos pertencer-nos?<br />
Esquecer-te seria a opção mais fácil, deixar-te para trás entregue à tua própria sorte e escolhas. Sim, eu disse bem, seria. Mas ainda aqui estou, à tua espera.<br />
Consegues ouvir-me amor? Consegues olhar-me? Quem sou eu? Acaso consegues reconhecer-me por entre essa penumbra de entorpecimento?<br />
Ainda estou aqui amor.<br />
O meu colo espera-te cheio de calma e luz, o meu coração continua cheio de alimento que te poderá matar a sede de amor, os meus braços continuam cheios de força para te segurar e proteger, a minha alma continua aqui para completar a tua.<br />
Por isso, vem buscar-me.<br />
Leva-me para lá do arco-íris onde não existe tesouro maior do que a nossa felicidade; leva-me contigo para dentro do teu livro mais cor-de-rosa onde todos os teus dragões se tornam seres ridículos e onde príncipes e princesas não passam de coisas de criança; leva-me para a tua casa que tanto tornamos nossa; leva-me e deita-me na tua cama onde pertence o meu cheiro que beija o nosso sabor; leva-me contigo para um céu ou até mesmo para um inferno qualquer onde jamais larguemos as mãos.<br />
Pega-nos ao colo e leva-nos que eu indicar-te-ei o caminho. Leva-nos até onde possamos parar e descansar, finalmente, no regaço da paz que tanto almejamos. Dá-me a tua mão e deixa-me conduzir-te até ao fundo do túnel onde possas ver que o sol nasce todos os dias: basta dizeres sim e eu estarei lá. Nada precisas dizer mais do que um "<i>sim</i>".<br />
"<i>Vai aonde te leva o coração</i>", disse Susanna Tamaro. O meu ainda está aqui sentado na pedra à espera do teu.<br />
Por favor, não demores.<br />
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MLMárcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-26743674203923474072014-10-29T20:59:00.002+00:002014-10-29T21:04:06.841+00:00Ensaio sobre a felicidadeComo é que se é feliz? Qual a fórmula? Existe alguma?<br />
A ciência, essa pioneira em descobertas e novidades; essa mulher sem rosto capaz de enlouquecer homens de todas as nações, capaz de desorientar pobres e ricos, capaz de provocar ruídos e pasmos ensurdecedores; esse capricho obsessivo que faz refém quem a respira. E ainda assim, não encontrou o pózinho de perlimpimpim para poderes comprar meio quilo ou duas toneladas de felicidade numa loja à tua beira.<br />
Existem três categorias de pessoas: as que dizem que vêem a felicidade todos os dias, que se levantam e se deitam de mãos dadas com ela (não vá a menina fugir!); as que dizem que nunca a viram, não lhe reconhecem nem rosto nem forma e criticam os que julgam tê-la por se tratar de uma ilusão; e ainda as indecisas (e parvas também) por julgarem nunca se terem cruzado com ela mas que a imaginam e acreditam com a força (e coragem) profunda que vem da mais pequena partícula da alma de que ser-se feliz deve ser maravilhoso e que lutam todos os dias para, quiçá, arrebatá-la para todo o sempre (tipo euro-milhões 'tás a ver?).<br />
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Eu não sou moça dada à ciência porque eu cá não sou refém de porra nenhuma. Eu e ela temos uma relação familiar q.b., por isso não há abusos nem açambarcamentos de nenhuma das partes porque há todo um bom senso em mim que sabe distinguir o que é da alma e o que é dos homens. E da alma a ciência não percebe nada.<br />
Poderíamos pensar na felicidade como um ensaio (e não, não é sobre a cegueira de Saramago). Recriávamos um reallity show do tipo "<i>Ser feliz por um dia</i>" e durante um dia fingíamos ser felizes. Podíamos fingir que somos ricos/as e que temos uma casa com piscina virada para o Guincho. que temos todo um rol de criaturas a rastejar (tipo lagartos) atrás de nós a desejarem até as nossas vísceras, que temos um famosozeco qualquer como marido ou uma barbie falsificada como esposa que nos gala e trata como príncipes ou princesas de última geração, podíamos até mandar fechar um shopping inteiro só para fazermos compras em silêncio sem atrapalhação nenhuma (só nós e as moscas), ou então viajar durante uma semana e recriar a versão "<i>à procura de nemo</i>" mas em formato estupidez "<i>à procura da felicidade</i>". Temo que mesmo assim não saberíamos o que é a felicidade; tudo não passaria de uma coisa fingida e forçada...por um dia.<br />
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Particularmente, eu já pertenci às três categorias citadas acima e neste momento encontro-me na categoria do "<i>a caminho"</i>. Uma coisa eu já percebi, é que a felicidade não se encontra, não se compra e nem se ganha: constrói-se.<br />
O meu conceito de felicidade passa por três fases: percepção, construção e consumação. A fase da percepção é quando passamos de ignorantes a despertos, é quando percepcionamos a felicidade em momentos, gestos, sons. paisagens, lugares, é quando deixamos de acreditar que a felicidade passa pelos outros e assumimos a responsabilidade de que ela depende de nós.<br />
A fase posterior (e aquela onde me encontro presentemente) é a de construção, e esta sim é o mais longo e difícil processo da nossa vida porque implica alargar a linha de visão obrigando-nos a olhar não só em frente mas também para os lados, implica sermos humildes e aceitarmos as nossas próprias limitações, implica assumir-mo-nos com tudo aquilo que temos e somos e percebermos o que queremos ter e quem queremos ser no futuro, implica estabelecer um compromisso com e para a vida, implica tentativas/erros e com isso crescer sem culpas.<br />
Por fim a fase da consumação, e para chegar aqui é uma questão de coisa pouca porque à medida que a felicidade vai sendo construída vamos experimentando a sensação de a sentir pois ela vem sempre de dentro para fora e o saber olhar-mo-nos e aceitarmo-nos é meio caminho andado para a conquistar.<br />
Acredito que não existe melhor sensação do que vivermos bem connosco mesmos; e eis "o segredo" da felicidade. Lá chegarei!<br />
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A felicidade é também um ensaio sobre a cegueira de nós mesmos, sim, mas principalmente é um ensaio para a alma e cada vida é um ensaio, somados a outros, em busca desse tesouro que habita nela.<br />
Perdemos tanto tempo à procura dos outros para alimentar a nossa felicidade, procuramos tanto essa sensação por ruas e vielas obscuras, perdemo-nos tanto de nós mal dizendo da felicidade que tarda em chegar, cegamo-nos com a ilusão de que ela existe algures para ser encontrada ou comprada e quando damos conta o tempo de ensaio terminou e temos que esperar por outra oportunidade cósmica para recomeçar a procura, outra vez.<br />
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Acredito que um dia, todos vamos perceber que a felicidade não é um modo: é um estado. Até lá, vamos ensaiando as vezes que forem precisas até acertarmos na fórmula universal de cada um.<br />
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MLMárcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-77499707238673710172014-10-25T04:42:00.001+01:002014-10-25T04:42:16.120+01:00O valor da saudadeDesde pequenos que aprendemos que a saudade dói. E não deixa de ser verdade, até certo ponto.<br />
A saudade é um sentimento de ausência, é um querer estar ou ter e não poder, é uma janela que nunca se fecha. Por norma, a saudade tem uma conotação má, uma sensação tão negativa que o ser humano aprende, desde cedo, a combater ao longo da vida.<br />
Por influência social? Talvez.<br />
Desde cedo vemos à nossa volta os que a sentem e como a sentem, e quase sempre é através de lágrimas e lamentos. Com isso crescemos e desenvolvemos todas as armas para a combater como se fosse um germe, um vírus, uma epidemia urgente de erradicar; como se a saudade pudesse instalar-se em cada célula, desenvolver resistência genética e propagar-se pelo corpo até corroer a alma e levar-nos o último sopro.<br />
Mas apesar do hábito que criamos em relação à forma como os outros vivem a saudade, acredito que é possível alterar esse pensamento deturpado e em vez de sentirmos uma saudade como um sentimento devastador, pesado e vazio, é possível permitir-mo-nos sentir uma saudade que nos pode dar um tanto de bom. Para isso só é preciso duas coisas: deixarmos de ser parvos e sentirmos.<br />
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Todos os dias permito-me sentir a saudade. Saudade do homem que amo, do meu filho, do meu avô. E aqui temos três saudades distintas:<br />
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<b>Saudade do homem que amo</b><br />
<b><br /></b>
Separam-nos 40 min de distância (Lisboa-Cascais). A qualquer hora podemos estar juntos, mas além disso temos um telemóvel e um computador que facilita a comunicação entre os dois. Ainda assim, ambos sentimos a saudade constante do querer estar do lado, agarrar a mão e não larga-la mais, o deixarmos de ser gente e passarmos a ser lapas em simbiose. Ao invés disso sabemos viver em individualidade (porque é obrigatório nunca deixarmos de ser "eu") conjugada com o "nós" e a saudade é só uma consequência do respeitarmos esse equilíbrio que qualquer relação a dois deve ter.<br />
Se dói? Muito. Está na nossa natureza contrariarmos tudo o que nos possa provocar dor e a ausência provoca-a. Mas é aqui que entra o saber sentir: a melhor coisa que um casal pode sentir é a saudade. A saudade de voltar a reencontrarem-se ao fim do dia, depois de um dia extenuante perdidos na individualidade e nos sonhos de cada um, como se um fosse a bússola do outro pronta para apontar o Norte comum dos dois; a saudade do beijo e do abraço que nos encaixa de novo no puzzle do "nós"; a saudade de voltarmos a pertencer aos olhos do outro; a saudade de beber da fonte viva que é o coração do outro; a saudade de tocar no corpo onde vive metade de nós.<br />
Eu sinto isto contigo e, oh meu Deus, como é bom sentir! Todos os dias aprendo mais e melhor a sentir a saudade porque é com ela que também aprendo a degustar todos os nossos momentos, é com ela que sei que o caminho faz-se andando de mão dada contigo e é com ela que tenho a certeza de que o amor que temos está vivo e bem de saúde.<br />
Se muitos casais conseguissem olhar para a saudade como nós conseguimos olhar para a nossa o amor seria sempre saudável e existiriam menos divórcios. Porque o que estraga o amor é a ausência sim; da saudade.<br />
Temos a virtude da insatisfação que nos leva a procurar a novidade, a descobrir o desconhecido, o que também nos leva ao defeito de que o que não é novo passa a desinteressante. E numa relação a dois esse é o maior desafio: descobrir e procurar o que ainda não conhecemos. O melhor mecanismo? A saudade, sem dúvida. Ela é o motor que nos faz percorrer distâncias para do longe fazer-se o perto, e isso não serve só para distâncias físicas mas também emocionais.<br />
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<b>Saudade do meu filho</b><br />
<b><br /></b>
Sou uma mulher abençoada por te ter e faço questão de to mostrar todos os dias, mesmo quando esses dias não são tão bons. E a verdade é que já o dia vai a meio e só me apetece chegar a casa, abraçar-te e sentir esse cheiro de bebé quase extinto mas que ainda consigo sentir, beijar as tuas bochechas mai' lindas que fazem covinhas quando sorris (como as minhas)<b>, </b>de sentir o teu abraço apertado (que quase me sufoca de tanto apertares o meu pescoço). Contigo o valor da saudade é ainda maior porque tu és um pedaço meu, literalmente. E sem ti não existiria nenhum ponto cardeal na minha vida, não haveria bússola capaz de me manter em terra. Ainda assim, a saudade diária que tenho de ti é tão boa que nos permite amar-mo-nos melhor quando voltamos para os braços um do outro.<br />
Prometo-te que farei questão de a manter como a vivemos, mesmo quando voares para fora do ninho. Mas posso só pedir-te um favor, meu amor pequenino? Cresce devagarinho, sim?<br />
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<b>Saudade do meu avô (o meu eterno ídolo)</b><br />
<b><br /></b>
Esta saudade é a que me dói mais. Porque ver-te implica fazer um esforço enorme por ter poucos flashes da tua fisionomia. Não fossem as fotografias guardadas pelo tempo e não me lembraria ao certo de como eras (eu era tão pequena quando me deixaste).<br />
Tu sabes que falar de ti não é fácil mas é um orgulho que me deixa um embargo na voz. E apesar da saudade ser boa porque me relembra que estou viva, a que tenho de ti é uma aprendizagem contínua. Há dias em que ela me faz bem mas há outros em que ela me vence. Não é fácil encontrar um lado positivo na saudade de quem já não está, de quem amamos e não podemos ouvir ou abraçar. Mas sabes que mais? Esse lado existe. A saudade que tenho de ti obriga-me a aprimorar os cinco sentidos (e até o sexto!) que me permitem sentir-te por perto, ouvir-te, abraçar-te, conversar contigo. Já te disse que o amor faz milagres?<br />
É a saudade que tenho de ti que nos ligará para sempre, é ela que alimenta o nosso amor todos os dias da minha vida, é ela que me ensina a amar mais e melhor os outros que cá estão e é ela que me conduzirá de volta aos teus braços quando a minha missão entrar em modo "<i>the end</i>". Espera-me, sim?<br />
<br />
Perante isto, só posso concluir uma coisa: o valor da saudade tem muito mais de bom do que de mau. A saudade tem o valor que lhe quisermos dar.<br />
No meu conceito, a saudade é amar com sabedoria, mas sobretudo é sermos corajosos para a sentir.<br />
Não fosse ela e o valor do ter e do pertencer não tinham razão de existir. E é pertencendo que nos humanizamos.<br />
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ML<br />
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<br />Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-55551996731040283792014-09-13T16:52:00.000+01:002014-09-13T16:52:33.331+01:00O amor é fodido (?)Quando eu já pensava saber toda a verdade sobre o amor, apareces tu e tornas um "<i>jamais</i>" em "<i>porque não</i>?".<br />
Tudo o que para mim era certeza, verdade absoluta, conceito estudado e arrumado desapareceu. Hoje no lugar de tudo isso tenho uma verdade relativa: o amor é fodido, e já o dizia Miguel Esteves Cardoso.<br />
Eu hoje entendo que o amor ser fodido tem muito que se lhe diga porque isso depende de muitas variantes, e contigo eu aprendi que depende das pessoas.<br />
O amor contigo não é fodido. Contigo os sonhos ganham vida própria, os sorrisos são tão espontâneos e verdadeiros que até fazem doer as bochechas e que o peito pode também doer por gargalhar em vez de chorar.<br />
Contigo aprendi que os sonhos não podem servir de chão para ninguém porque eles só servem para voar. Aprendi também que a solução não passa por colar pedaços porque nem tudo o que parte se volta a colar, mas sim passa por juntar os pedaços e fazer uma peça nova muito mais bonita, mais sólida e à prova de falhanços.<br />
Contigo aprendo tanto e nem te apercebes!<br />
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Alguma gente passou pela minha vida e além de uma bagagem cheia de lições, cada uma delas deixou um rasto de mágoa e medo que me foi entorpecendo o coração e aumentando o meu perímetro de segurança. A última pessoa fez-me ficar no meio de muros maiores que eu, com arame farpado no topo sem qualquer porta ou janela e minas espalhadas pelo chão para o caso de alguma coisa inesperada cair do céu.<br />
De repente, sem tu quereres e eu o desejar vi o arame farpado a recolher-se, os muros baixarem para metade e além surgiu uma porta que só abre por dentro.<br />
Poderia dizer que o amor é fodido porque eu tinha-lhe dado férias sem termo mas resolveu pagar para me ver a lixar-me outra vez.<br />
Poderia dizer que o amor é fodido porque entre nós separa-nos um bom par de anos de experiência que me fariam pensar que sou imaturidade demais para ti.<br />
Poderia dizer que o amor é fodido porque a minha vida ainda tem pedras soltas na minha calçada e poderias tropeçar nelas.<br />
Poderia dizer que o amor é fodido porque entre o ser racional e o ficar estúpida eu preferia ser agnóstica.<br />
Poderia dizer que o amor é fodido por tudo isto e muito mais, mas até o tudo é relativo.<br />
<br />
Quando se agarra a mão de alguém como nós agarrámos a mão um do outro o amor jamais se pode tornar fodido. Fodido foi andarmos a fugir do que já era tão óbvio! Mas nem a fuga nos impediu de ficarmos...fodidos.<br />
O amor estava muito longe do conceito absoluto que eu tinha interiorizado, estava muito longe de se resumir a tudo aquilo que eu já tinha visto e sentido. E tudo isto graças a ti, que além de teres mudado todos os meus conceitos e teorias oriundas da minha prática mudaste totalmente a direção dos ventos que sopram na minha vida. <br />
És brisa doce, és luz pura, és alimento, és vida.<br />
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Obrigada por me mostrares todos os dias, paciente e incansavelmente, que no mundo não existem só cobardes! Se é isto o amor fodido então que muitas mais pessoas sejam fodidas por esse mundo afora.<br />
E de todas as coisas que aprendi contigo, existe uma que é a mais especial de todas: o não ter medo de ser feliz.<br />
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<span style="font-size: x-small;">a nossa música :) </span></div>
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ML<br />
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<br />Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-75079287491504241422014-09-04T16:07:00.001+01:002014-09-04T16:07:10.623+01:00Um anjo chamado NonôHoje o mundo perdeu uma flor e o céu ganhou mais um anjo.<br />
E começo a concluir que este ano é o ano da razia brutal de recolha urgente de anjos porque Deus deve estar a montar um festim lá em cima e então precisa dos melhores. Vai dos mais pequenos e inocentes aos mais crescidos e vividos, não há pré seleção.<br />
Tu Nonô, minha (e de tantas outras pessoas) querida, foste uma das escolhidas. Acredito que seja um privilégio para a pátria espiritual receber anjos mas... o mundo também precisa deles para o fazer rodar.<br />
Acho que Deus se anda a esquecer disso! E com a tua partida tive uma necessidade brutal de ripostar e pedir-lhe o livro de reclamações, tive a uma necessidade enorme de gritar e pedir-lhe "<i>pára pá, já chega!</i>". Mas temo que ele não me ouça, Nonô.<br />
Sabes o que me dói? É que os sorrisos e a força interior humana deviam ser os remédios suficientes para curar uma coisa ridícula que se lembrou de surgir e procriar no teu corpo, essa coisa estupidificada que até precisa de nome para meter medo, essa coisa que quando sente que o medo não é o bastante ainda tem que matar só para ter o gostinho de dizer "<i>eu ganhei</i>". Mas sabes que mais Nonô? Tu ganhaste. Não porque o conseguiste exterminar (bem sei que somos ainda muito limitados para que isso aconteça sempre com sucesso) mas sim porque tu usaste e abusaste dos remédios principais para o enfrentar. E nisso, minha linda, foste grande!<br />
Com a tua força e o teu sorriso pintaste o mundo de cor-de-rosa. Não existe foto nenhuma que eu não tivesse visto espalhada pelas redes sociais onde aparecesses triste ou desanimada e acredito que tiveste momentos desses. Mas em cada foto tua partilhada a homenagear-te, o melhor remédio contra qualquer doença está lá presente: o sorriso.<br />
E foi com esse sorriso que marcaste cada um de nós que te acompanhou, que esteve de mão dada contigo nessa luta amarga, que te amou e acarinhou com o coração cheio de esperança, foi com esse sorriso que nos pintaste a todos de cor-de-rosa.<br />
Mas por trás de tanto rosa, deixaste-nos o coração na mão. Ficou um vazio, uma ausência agonizante, um silêncio angustiante.<br />
Desculpa a minha fraqueza, Nonô. Mas dói-me.<br />
Não és a filha a quem eu dei a vida mas és a filha de alguém por quem eu daria a vida. E não pestanejava. Sabes porquê? Porque para mim é incompreensível um ser tão pequeno ter que suportar as dores que a maioria dos grandes não suporta; porque para mim é incompreensível um casal dar a vida a outra vida e ficar sem essa vida de um momento para o outro com as mãos cheias de nada; porque para mim é incompreensível que essa coisa estupidificada que precisa de um nome cobarde para ter respeito invada corpos de almas inocentes sem dó nem piedade. Para ele, Nonô, não existe restrições nem letrinhas pequeninas no contrato que ele estabelece sem qualquer autorização com os corpos que habita, mas sim o gosto de desafiar a vida e as emoções humanas. E se se sentir ameaçado ele acaba com o adversário da forma mais cobarde: tira-lhe a vida.<br />
Onde anda Deus para permitir isto?! Que rico juíz me saiu...<br />
Sabes Nonô, no ano em que perdeste as asas e desceste à Terra, também desceu contigo o meu anjo sem asas. Vocês têm a mesma idade e a mesma inocência, mas neste momento ao olhar para ele no meio das suas brincadeiras e do seu mundo tão simples e tranquilo, o meu coração aperta-se e fica tão pequenino. Porque eu sei que algures, numa outra casa, existe uma mãe que é a tua que olha para o mundo que era só teu onde tu já não estás. Nesse mundo ficaram as memórias doces e amargas desse tempo que não volta, ficaram dois corações cheios de saudade do teu, ficou a marca do teu sorriso como bálsamo da dor maior que chegou para ficar por tempo indeterminado.<br />
Há dores que não deviam sequer existir, há dores que deviam preencher formulário para posterior avaliação antes de desafiar o ser humano, há dores que o mundo tem que simplesmente só servem para nos lembrar que a vida é um sopro.<br />
A tua vida Nonô, foi mais que um sopro, foi uma lufada de ar fresco para mim, para a tua família inteira, para todos aqueles que te acompanharam nessa luta que tão bem enfrentaste. Foste enorme Nonô, aliás, és enorme! Porque de ti levo o exemplo de que a força não tem idade e guardarei junto ao peito o teu sorriso que tanta força nos deu e que resume tudo aquilo que foste e sempre serás para o mundo: a menina que adorava o cor-de-rosa que não venceu o cancro (maldito!) mas que iluminou tanto coração. E só por isso, temos tanto para te agradecer!<br />
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Estava na hora de voltar a casa, Nonô. As asas foram-te restituídas para voares, e tu foste.<br />
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Ps. Faz-me só um favor, dá um recado aí a Deus. Diz-lhe que o saldo aqui está a ficar negativo e que ou ele pára de vir buscar os poucos anjos que já temos ou então que mande o livro de reclamações. Farei questão de o preencher vezes sem conta até ter direito a ser ouvida.<br />
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ML<br />
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<br />Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-75770189538354627342014-08-23T14:21:00.000+01:002014-08-23T14:21:09.611+01:00Nova em folha (quase)Ainda há um caminho a percorrer, mas hoje, garantidamente, não sou a mesma que saiu de Lisboa. Algo mudou, aqui dentro. E a mudança é tão funda que até eu me surpreendi.<br />
Vou a caminho de ficar "nova em folha" (como diz a música).<br />
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Se eu tenho asas... é para voar. Estou a aprender. </div>
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ML<br />
<br />Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-27955412439593619832014-08-15T03:59:00.002+01:002014-08-15T03:59:21.333+01:00<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_53ed7712387cd3c48710174">
Há horas em que é preciso de pararmos de chorar e queixar, há horas em que é necessário afastar-mo-nos de muita coisa que nos envenena os olhos e a alma, há horas em que é necessário aprender a desapegar de tudo aquilo que nos consumiu durante anos e reciclar-mo-nos. <br /> É o que farei nos próximos dias. Vou em retiro, metade do tempo para o meio da natureza para me ouvir e pôr os pontos nos i's, e a outra metade para perto do mar para me libertar e limpar de tudo o que passou. <br /> É uma vi<span class="text_exposed_show">agem só de ida, porque não tenciono voltar igual por dentro.<br /><br /> </span><br />
<span class="text_exposed_show">É urgente ir, é urgente ouvir-me, porque aqui dentro há uma voz que grita por atenção e embalo. E é nela que me irei focar nas 3 próximas semanas.</span><br />
<div class="text_exposed_show">
É como diz a música "pára de chorar e dizer que nunca mais vais ser feliz, não há ninguém a conspirar para fazer destinos negros de raíz". E como a felicidade começa cá dentro, é dela que vou à procura em ambientes propícios. <br />
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Até breve<br />
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ML</div>
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Márcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6213641637539004164.post-18610043653871459412014-08-14T14:30:00.004+01:002014-08-14T14:32:38.978+01:00Amor limitado? Hora de fazer as malas.Pela primeira vez na vida (sim, porque até hoje nunca te pedi nada), verguei-me com humildade e abordei-te com sinceridade e de peito aberto. Pedi-te a oportunidade para me redimir dos erros que cometi, pedi-te a oportunidade de te mostrar que sou digna da tua confiança; tenho para mim que se estivesse à tua frente to pediria vergada não só na alma mas também nos joelhos.<br />
Depois de te enviar uma mensagem que mais parecia um testamento vital, adormeci, finalmente, na esperança de que acreditasses em cada palavra do que disse, que isso te tocasse o espírito e fizesses de nós um amor melhor. Mas também sei que no meu ouvido alguma coisa me dizia "<i>naaaa ele é demasiado pequenino para um ato tão grandioso como este</i>", e ainda assim eu esperei pelo feedback, porque ao contrário de ti eu dou SEMPRE o benefício da dúvida ao invés de esperar sempre as piores catástrofes.<br />
Eis que de manhã sou presenteada, mais uma vez, com palavras e ideias contraditórias: ora dizias que não me odiavas e que compreendias o porquê de ter feito a burrice que fiz e que ainda gostas de mim e não me consegues deixar ir e por isso mesmo ainda me procuras, ora dizias que eu tinha andado com fulano e sicrano e que não conseguias entender as razões que me levaram a fazer o que fiz. Sempre foste assim! Confuso nas ideias e contraditório (muito).<br />
Tu esqueces-te é de uma coisa; eu também já estive desse lado e senti na pele o que sentiste. Mas também sei aquilo que o meu coração me disse sempre para fazer: quando existe mostras de arrependimento sincero e quando a pessoa pede, humildemente, a oportunidade de mostrar algo melhor do que aquilo que mostrou até então, devo dar o benefício da dúvida. E nesta conduta, umas vezes perdi outras ganhei. A vida é assim mesmo; um risco de perdas e ganhos, e por isso mesmo não me arrependo das oportunidades que dei por a minha vida fora.<br />
Mas nem toda a gente tem a mesma grandeza no coração, como eu! E apesar de isso me deixar fula, passada dos carretos, sei que não posso mudar o mundo sozinha. Pelo menos posso mudar o meu, o que já é muito.<br />
O nosso amor é bonito, a nossa história é uma história irrepetível, bem o sei. E deixa-lo sumir-se assim, sem sequer tentarmos, sem sequer darmos a última gota que ambos tínhamos para dar e torna-la num oceano imenso, é crime. Mas acho que tu não sabes disso. Podes até fazer uma pequena ideia, mas ela é limitada, tal e qual o teu amor por mim.<br />
E se eu tinha dúvidas de que o teu amor é, sempre foi e sempre será limitado, hoje não me restam mais dúvidas! Porque quando és chamado a ter uma atitude nobre não o és capaz de o fazer: perdoar. Acho que nem tão pouco sabes o que isso é!<br />
Para ti sempre foi tudo 8 ou 80, não existe meio, não existe equilíbrio. E lamento informar-te que ser-se assim nunca nos fará feliz. Fala-te a voz da experiência!<br />
Já diz o ditado: <b>errar é humano, perdoar é divino. </b>E tu nunca saberás o que isso é, nem nunca sentirás a sensação maravilhosa de contribuir para o crescimento espiritual de um ser humano que assume com humildade os seus próprios erros e tem a coragem de pedir, não só perdão mas também uma oportunidade de se redimir e provar, tanto para si mesmo como para o outro, que é merecedor dela. O passo para a remissão do pecado é assumi-lo!<br />
A facilidade com que julgas os outros e te colocas no papel de cordeiro e os outros é que são os monstros, é abominável. Isso é coisa de miúdos, não de adultos. E com este tempo separados, longe um do outro, pensei que tivesses crescido o suficiente para teres repensado em muitos dos teus atos que também eles contribuíram para o fim desta relação. Sim, porque tu não és santo nenhum, apesar de gritares aos 4 ventos que és um coitado e que o traído foste tu. Também eu sofri imenso nas tuas mãos, talvez bem mais do que tu nas minhas. Mas eu não gosto, nem vou fazer comparações de quem é que sofreu mais, porque eu sou adulta não uma miúda e além do mais eu valorizo a dor dos outros. Pena é que os outros não valorizem a minha, mas prosseguindo.<br />
Não me arrependo de uma única palavra do que escrevi naquela mensagem e se tivesse que a reescrever fazia-o sem pestanejar. Porque atos de humildade são raros no mundo, e se há coisa de que me orgulho muito sem nunca mo terem ensinado a ser, é ser capaz de ser humilde e perdoar os outros quando se arrependem.<br />
Continuas o mesmo: sempre a queixares-te, a vitimizares-te, a vestires a pele de coitado, a pintares os outros de negro. Tenho a impressão de que na tua vida só existem duas cores: o branco (onde tu te colocas, claro) e o preto (onde estão todos os outros), e que só pessoas que se demonstrem xoninhas é que têm o privilégio de serem pintadas de branco por ti. Mas se acaso elas te falham, vais lá e pintas de preto sem qualquer tipo de problema. Foi assim que a tua vida se desenrolou e acredito que durante muitos anos continuará, tal e qual. E é lamentável.<br />
Mas a partir de hoje, estás por tua conta e risco. Poderás pintar de branco e preto quem tu quiseres, julgar os outros como se fosses dono e senhor da verdade, vestires todas as peles mais rascas que quiseres, tudo a que tens direito! Eu já sou, e ainda mais serei, carta fora do teu baralho.<br />
Chegou a altura de fazer as malas com tudo o que foi feito e dito nesta relação; e levo cadernos ao peito cheios de lições. Chegou a altura de te deixar ir de vez, sem olhar para trás, na certeza de que um dia vais-te arrepender amargamente de me ter batido com a porta na cara, teres-te preocupado mais em chafurdar a merda na minha cara (não te cansas de ter as mãos sujas?) ao invés de me escutares e teres um ato humano e adulto pela primeira vez, na porcaria da tua vida. E nesse dia, eu já não vou estar.<br />
Acredito que estarei num patamar tão elevado que quando olhar para baixo serás uma miragem da qual eu não vou querer lembrar, nem tão pouco ouvir falar. Não porque te vá ganhar ódio, não. No meu coração esse sentimento pequenino e sujo não entra! Mas porque eu não gosto de pessoas limitadas no coração, e até na alma.<br />
Espero que um dia, quando tiveres filhos e netos (se chegares a ter mulher para os ter, claro) e lhes contares a nossa história, espero que nesse dia tenhas a humildade (que nunca tiveste para comigo) de lhes dizer "e<i>la era tudo aquilo que eu queria e que nunca soube que tive, deixei-a ir por ser duro a achar que a vida me iria dar melhor, disse-lhe tanto que a amava mas quando tive a oportunidade de demonstrar o que meu sentimento era capaz de fazer por nós os dois, não o fiz</i>".<br />
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Vou cuidar de mim, resolver os meus traumas do passado, vou crescer e voar para outras bandas. Na certeza de que farei sempre o melhor para ser feliz.<br />
<span class="">Tanto fiz que agora tanto faz! Mas ainda bem que o fiz, afinal, sempre foi esse o valor do meu amor por ti: fazer de tudo para nos salvar. Mas o desgaste... o desgaste levou-me a ser burra e a acabar crucificada como uma bandida. </span><br />
Há amores assim, limitados!<br />
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E não tenho mais para te dizer a não ser adeus.<br />
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MLMárcia Ladeirahttp://www.blogger.com/profile/15246739922168934579noreply@blogger.com0